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Construindo uma fintech no WhatsApp

Luiz Ramalho é o fundador da Magie, um banco no WhatsApp (que sou heavy user). Ela atua sobre duas infraestruturas no cerne do dia-dia do brasileiro: o PIX e o WhatsApp, que alcança 92% da população. A Magie foi uma das primeiras experiências de “agente” no WhatsApp.

Neste episódio, exploramos os fundamentos por trás da Magie, discutimos o papel da IA como infraestrutura conectiva e avaliamos por que o Brasil pode estar se tornando o maior laboratório de inovação em mensageria do mundo.


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Principais Insights

1) Engenharia de Interfaces entre Redes Existentes

A proposta da Magie vai além da automação: ela cria interoperabilidade entre redes estabelecidas. Como resume Ramalho: “Conectamos o WhatsApp ao PIX sem depender de nenhum dos dois fazer adaptações — apenas transformando texto em ordem de pagamento.”

IA atua como ponte inteligente entre sistemas populares, mas isolados.

Implicação: Soluções vão surgir não somente da construção de novas redes, mas da redução de fricção entre plataformas já massificadas.

Contraposicionamento Estratégico com Incumbentes

A Magie exemplifica o conceito de counter positioning, formulado por Hamilton Helmer do 7 powers: um modelo de negócio que players dominantes não conseguem adotar sem comprometer sua base atual de receita.
Enquanto bancos incentivam o uso de seus próprios apps para maximizar cross-selling, a Magie opera nativamente no WhatsApp — onde os usuários já estão.

Implicação: A diferenciação mais poderosa não está em tecnologia superior, mas também em modelos de negócios que criam dilemas estratégicos para incumbentes.

Atendimento como diferencial

Desde o MVP, a Magie operou pagamentos manualmente para entender padrões de uso antes da automação (João, co-founder, era a Magie rs). Hoje, para permanecer próximo dos clientes, eles mantém um grupo de WhatsApp com quase mil clientes ativos, e o próprio CEO responde diretamente aos usuários.

Implicação: Atendimento não é apenas suporte — é um radar estratégico. O contato direto com o usuário revela problemas reais antes que eles se tornem estatísticas. O que parece pouco escalável pode ser o que mais escala inteligência. Falei sobre isto no artigo Como a Obsessão pelo Cliente Transforma Negócios. Nele tem o case da Magie.

A Economia da Inteligência Tendendo a Zero

Ramalho propõe uma provocação: “Assuma que o custo marginal da inteligência vai tender a zero, como aconteceu com a eletricidade.” Isso muda a lógica de produto: o foco não deve ser “o que automatizamos com ROI positivo hoje”, mas “quais conexões criaríamos se inteligência não custasse nada”.

Implicação: Mapeie dois caminhos - um com as restrições de hoje, outro com abundância futura. As empresas que se posicionarem desde já para esse segundo cenário colherão vantagens desproporcionais.

O Brasil como Arbitragem Estratégica em Fintech

Com menor competição, custos operacionais reduzidos e infraestrutura pública sofisticada (PIX, Open Finance), o Brasil oferece uma boas oportunidades. O país se consolidou como laboratório de mensageria — o WhatsApp atinge 92% da população, versus 42% nos EUA e 55% na Índia.

Implicação: Fundadores brasileiros estão em posição única para exportar soluções baseadas em WhatsApp.

Gestão de Risco em Plataformas Monopolistas

Construir dentro do WhatsApp trouxe adoção rápida à Magie, mas também riscos: limitações de design, regras opacas da Meta e ausência de suporte direto. “Você está jogando com as regras deles — e elas podem mudar a qualquer momento,” alerta Ramalho.

Implicação: Produtos que dependem de plataformas dominantes devem desenvolver ativos próprios (marca, comunidade, dados), diversificar canais de aquisição e se preparar para mudanças abruptas.

Inversão como Framework Decisório

Inspirado por Charlie Munger, Ramalho aplica o princípio da inversão no desenvolvimento de produto: “Ao invés de perguntar por que a empresa vai dar certo, pergunto o que faria ela dar errado.” Essa abordagem expõe riscos ocultos e melhora a alocação de recursos.

Implicação: Institucionalize a inversão como prática de planejamento. Forçar times a nomear falhas potenciais fortalece a antifragilidade de produtos e decisões estratégicas.


Teste a Magie: https://magie.com.br/


O WhatsApp como Ecossistema Global em Formação

O caso da Magie não é isolado. O Brasil abriga startups que transformam o WhatsApp em infraestrutura crítica:

  • ChatClass: Educação popular via WhatsApp

  • Felix Pago: Remessas internacionais sem fricção

  • BeConfident: Ensino de idiomas contextualizado

Implicação: O Brasil pode ser para o WhatsApp o que Israel foi para a cibersegurança. Fundadores que entenderem as dinâmicas locais e criarem produtos nativos para essa interface terão vantagem global conforme a adoção aumenta em outros países.

Saiba mais neste artigo:

Empreendendo no WhatsApp: O Futuro das Startups Latino-Americanas

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October 20, 2024
Empreendendo no WhatsApp: O Futuro das Startups Latino-Americanas

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Capítulos:

(0:00) Introdução

(3:10) Origem do nome Magie e a conexão com magia e Monopoly

(6:00) Como a IA transforma áudios e mensagens em pagamentos

(9:20) MVP manual e os aprendizados da fase inicial

(12:00) Diferenciação contra grandes bancos

(15:30) Estratégia de inovação e os dilemas dos incumbentes

(18:45) O Brasil como terreno fértil para inovação

(21:10) Obsessão por experiência do cliente

(25:00) Open Finance e desafios técnicos com bancos

(28:00) IA como infraestrutura para colar redes

(31:40) WhatsApp como plataforma: vantagens e limites

(36:10) O futuro da IA e o custo da inteligência caindo

(40:00) Paradigmas de desenvolvimento com IA

(43:50) Curadoria humana e aprendizado de máquina

(46:00) Limitações e aprendizados de criar dentro do WhatsApp

(49:00) O mito de "parceria com o WhatsApp" e conselhos para founders

(51:00) A cultura de ajuda entre founders

(53:00) Modelos mentais e a importância de pensar invertido

(56:00) Considerações finais e convite para usar a Magie