Claudio Mifano é cofundador da Livance, uma startup que oferece infraestrutura como serviço para médicos e profissionais de saúde. A empresa cria espaços e serviços inovadores que permitem a esses profissionais se dedicarem integralmente aos seus pacientes. A empresa já levantou mais de 100 milhões de reais com fundos como Monashees, Astella, Green Rock, Terracotta e Mago Capital.
Neste episódio, exploramos como ele transitou de investidor para empreendedor na área da saúde, abordando desde a importância de viver a dor do cliente até a construção de uma cultura que valoriza feedback. Conheço o Mifano há anos e para mim, ele é uma pessoa que leva a vida de forma “leve”, mesmo nos momentos complexos do negócio. Discutimos sobre isto também.
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Principais insights:
1) Vendas como Força Motriz do Empreendedorismo
"Diretor de banco de investimento, vendedor. Sócio de empresa de consultoria, vendedor. CEO de startup, vendedor."
Mifano traz que independentemente do setor ou da formação, todo fundador acaba sendo, acima de tudo, um vendedor.
Uma dica para os vendedores é se conectar de verdade:
"Se você demonstra que está genuinamente interessado na pessoa, você consegue criar uma conexão," afirma Mifano. "Saber ouvir às vezes é meio contraintuitivo, mas é importante." Essa abordagem de "vender sem vender" tornou-se um diferencial para a Livance, permitindo construir relacionamentos mais profundos tanto com médicos quanto com investidores como vocês vão escutar no episódio.
2) A Humildade ao empreender
Mifano descreve o empreendedorismo como "uma aula de humildade brutal" onde erros e recusas são constantes. "É como se tivesse um pessoal escondido com a sandália da humildade te arremessando o dia inteiro," brinca.
Esta perspectiva ganha ainda mais relevância considerando sua trajetória anterior: sócio bem-sucedido em um fundo de investimentos e ex-aluno de Stanford, Mifano abandonou uma zona de conforto no mercado financeiro para enfrentar o desconhecido. Como ele disse no episódio: Para cada "sim" de investidores ou talentos recrutados, dezenas de "nãos" pavimentaram o caminho. "Foram dezenas de nãos... é um exercício de humildade."
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3) O Produto-Mercado Perfeito: Quando a Dor é Clara
Diferentemente de muitas startups que precisam pivotar repetidamente, a Livance encontrou seu modelo de negócio rapidamente. Mifano atribui isso à clareza da dor que estavam resolvendo, personificada pelo co-fundador médico que "passava o domingo fazendo um plantão de 24 horas para bancar o consultório dele vazio a semana inteira e entendia as dores com profundidade"
A metodologia de validação do projeto foi abrangente: mais de 150 médicos entrevistados presencialmente e um piloto na clínica do co-fundador com dez clientes iniciais. "A gente ficou testando... porque eu também não queria me jogar no negócio"
O primeiro momento de validação veio quando uma nutricionista, a primeira profissional a entrar na plataforma, declarou-se "apaixonada" pelo modelo após conhecê-lo. Este feedback direto confirmou o provável product-market fit e estabeleceu um padrão de "sucesso compartilhado" entre a plataforma e os profissionais de saúde.
4) Healthtech e as Oportunidades em um Setor Fragmentado
O setor de saúde apresenta desafios únicos para inovadores. Mifano observa que "o índice de sucesso de startups de saúde é 80% menor que fintechs" ao comparar quantas avançam até uma Série C. Isso se deve a múltiplos fatores:
Resistência cultural à inovação: "Os profissionais de saúde são treinados para repetir processos com o mínimo de erro. Como você fala 'agora você tem que inovar sem errar'?"
Desconexão de incentivos: "Está cada um tentando resolver o problema pelo seu lado. O paciente, o médico, o plano de saúde... está todo mundo meio certo, mas ninguém muito certo."
Fragmentação de dados: "Tem fax em contratos do setor ainda hoje. É uma loucura... para você ter dados conectados, você precisa resolver quem vai liberar o dado, de quem é o dado."
Apesar desses desafios, Mifano vê oportunidades transformadoras na digitalização de processos e no uso de wearables para monitoramento contínuo. "Com "5% dos funcionários correspondendo a 45% do custo de saúde", o acompanhamento preventivo dessas pessoas representa uma oportunidade econômica significativa. O modelo da Livance posiciona-se exatamente nesta fronteira: criar um ecossistema onde incentivos convergem para o cuidado preventivo e eficiente.
5) Lições para Empreendedores
O caso da Livance oferece insights valiosos para qualquer empreendedor:
Cultive humildade estratégica: Use erros como ferramentas de aprendizado, não como obstáculos.
Desenvolva escuta genuína: "Tem dois ouvidos e uma boca, não é à toa," como dizia um mentor de Mifano.
Valide rigorosamente antes de escalar: A confiança no modelo veio de testes metodológicos, não apenas intuição.
Comunique o contexto constantemente: "Você acha que todo mundo tem contexto, mas descobre que gente sênior que está com você não tem."
Encontre alegria no processo diário: "A felicidade é algo que você faz no dia a dia, não é a rodada de investimento."
Obrigado Mifano pelo papo e se você tem interesse em trabalhar na Livance, deveria checar as vagas aqui.
Fotos dos consultórios Livance:
Capítulos
(00:00) O episódio
(03:09) Todo mundo é vendedor: o post que viralizou
(10:12) Felicidade, humildade e a montanha-russa de empreender
(17:21) Livance: missão e três grandes pontos de virada
(26:04) Pandemia: susto inicial e validação da tese
(28:01) Efeito rede e o crescimento da Livance.
(30:15) Desafios de escalar: liderança, cultura e comunicação
(34:01) A transição do mercado financeiro para o mundo empreendedor
(37:27) Product-market fit logo de início: um caso raro
(44:02) Inovação em saúde: barreiras, oportunidades e futuro
(50:55) Futuro da saúde e tecnologia
(57:10) Considerações finais e encerramento