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Avalie o risco da sua startup através de modelos mentais da Kleiner Perkins
Se há um Monte Rushmore no mundo do Venture Capital, com certeza há espaço reservado para Eugene Kleiner e Tom Perkins, fundadores da Kleiner Perkins. Este fundo foi um dos pioneiros da indústria, tendo no portfólio empresas como Amazon, Google e Genentech.
Quase 50 anos após a fundação eles continuam sendo um dos principais fundos de Venture Capital. Compartilho abaixo alguns ensinamentos sobre risco que são de grande valia para founders e investidores:
1) Lei de Perkins
Tom Perkins é um dos melhores que já praticaram a arte do Venture Capital. Ele desenvolveu a sua profundidade e estilo ao trabalhar em diversas posições em empresas de tecnologia: ele trabalhou em sales, marketing, gestão de produto e como founder na primeira empresa de laser da história e líder da divisão de computadores da HP.
O insight do lendário investidor Tom Perkins sobre risco é um dos modelos mentais mais poderosos para startups. A lei de Perkins diz que:
Market risk is inversely proportional to technical risk.
O risco de mercado é inversamente proporcional ao risco técnico.
Basicamente, em qualquer empresa, há esses dois riscos:
O técnico nos diz sobre a dificuldade em construir um produto complexo.
O de mercado nos diz sobre ter um diferencial competitivo em relação a competição que irá emergir.
Nos extremos, uma empresa como Satellogic, que desenvolve nanosatélites para observação terrestre detém um risco técnico altíssimo, enquanto que o risco de mercado é muito menor pois há poucos competidores que conseguem construir um produto tão complexto.
Do outro lado, um restaurante detém um risco técnico baixíssimo, enquanto tem um risco de mercado gigante uma vez que há diversos competidores lutando pelos clientes.
2) Foque no seu principal risco
Outra reflexão essencial - e um pouco esquecida nos dias de hoje - trazida pela firma é:
Risk up front, out early
Risco na frente, fora cedo
A segunda contribuição está conectada a primeira. A reflexão que vos trago é:
Qual o grande risco da sua startup? É de mercado? É técnico?
A história da maior fintech da América Latina, o Nubank, mostra que David Velez foi sagaz ao retirar o risco de falta de conhecimento específico bancário ao trazer uma co-founder com tal expertise. Como relatado por Mario Gabrielle:
Roelof Botha, um dos sócios da Sequoia, pressionou para que David Vélez trouxesse a bordo alguém com experiência bancária real. Claro, Vélez era um cara inteligente, mas ele realmente sabia no que estava se metendo? Ele precisava de alguém com conhecimento específico sobre os incumbentes que competiria.
Em Cris Junqueira, Vélez encontrou a resposta. Como chefe de uma joint venture de cartões de crédito entre Itaú e Magazine Luiza, Junqueira entendia o setor e suas falhas.
Para startups early stage, a maior forma de retirar riscos é através do founding team. Ter sócios com experiências e edges, seja técnico ou de mercado, terá papel essencial em reduzir o principal risco, seja lá qual for.
💡
a) Se você estiver construindo uma DNVB, provavelmente seu risco de mercado é muito maior do que o técnico. O questionamento será sobre CAC saudável sustentável e talvez, ter um criador com uma base relevante como sócio pode ser um ativo valioso para reduzir o risco de mercado.
b) Se você estiver construindo uma startup de análise de dados, ter um data scientist como founder é essencial para reduzir o risco técnico de construção de produto.
c) Se sua empresa necessitar de muito capital de investidores para operar (como startups de delivery por exemplo), ter um founder fundraiser é essencial para reduzir o risco de financiamento.
A regra de ouro dessa reflexão é: Reflita sobre o seu risco e tente tirar da frente. Outra frase atritubida ao clã da Kleiner Perkins é: Reduza os principais riscos com os primeiros dólares investidos.
Para empresas maduras, M&A pode ser uma resposta. Como escrevi há 2 semanas, o maior risco da Adobe era ter sucesso com o produto para trabalho colaborativo de times de tecnologia e design, e essa é uma das razões por trás da aquisição da Figma. (A aposta de US$ 20 bilhões da Adobe na Figma)
3) Tenha certeza de que o product market fit é viável.
Make sure the dog wants to eat the dog food
Certifique-se de que o cão quer comer a comida de cachorro
Não importa o quão revolucionário é uma nova tecnologia e seu potencial mercado, é preciso de evidências de que o consumidor realmente quer esse produto.
Uma regra de ouro para esse entendimento é o testar uma solução “pouco escalável” e "people intensive” com uma pequena base de clientes uma solução para compreender se há realmente interesse do cliente em consumir um novo produto. Se a resposta for muito positiva, provavelmente vale a pena construir um produto. Escalar prematuramente sem PMF é uma das principais causas de morte das startups.
Sobre o tema de Product Market Fit, recomendo , o playbook escrito por Guilherme Lima para Astella. (Playbook PMF)
Essas três referências agregam um modelo mental de foco no que mais importa.
Fontes das referências sobre Kleiner Perkins:
The Power Law: Venture Capital and the Making of the New Future
A Dozen Things I’ve Learned from Eugene Kleiner about Investing and Business
Obrigado pela parceria em mais um domingo. Desejo a vocês uma semana incrível e se considerou a leitura valiosa, compartilha.
Até o próximo,
Lucas Abreu
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