Esta semana foi intensa (ainda bem!) com aulas como professor na FGV, gravações do sunday drops no RJ e mais de três podcasts gravados. No caderninho de notas teve várias reflexões e compartilho algumas delas abaixo.
🎧 último episódio do sunday drops podcast com Ricardo Kanitz.
Esta edição é apoiada pela Onfly.
Onfly fez uma pesquisa com mais de 1.000 viajantes:
O resultado me surpreendeu. Nove em cada dez viajantes corporativos afirmam gostar de viajar. O outro lado da moeda é que essa experiência é deteriorada por processos burocráticos e demorados para reservar passagens, hotéis e gerenciar despesas que atrapalham a experiência da viagem.
Para resolver esse problema nasceu a Onfly, a maior travel tech B2B da América Latina. A plataforma integra a gestão completa de viagens e despesas, permitindo que colaboradores façam reservas e elaborem relatórios em poucos minutos, com total transparência e eficiência. Descubra como a Onfly pode transformar a experiência das suas viagens corporativas abaixo.
Reflexões.
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Missão
A primeira e mais importante reflexão foi no almoço com Guilherme Rodrigues (founder da Deco). Ele me provocou muito sobre o porquê eu faço o que eu faço além de resultado financeiro e pessoal. Ele me trouxe um senso de missão e mostrou que sem buscar uma missão, é muito difícil tocar uma empresa e construir algo de valor. Como diz Jeff Bezos: "Não peça às pessoas para se juntarem à sua empresa. Peça para elas se juntarem à sua missão."
Ainda não defini a missão do Sunday Drops em uma frase perfeita, mas hoje vejo seu objetivo como o de capacitar empreendedores com análises e histórias de empresas que inspirem e tragam clareza.
Fica a pergunta: Qual a sua missão e por que ela importa?
Coletânea de algumas missões que podem nos ajudar a pensar:
Elon Musk (SpaceX, Tesla): "A missão da SpaceX é avançar nosso entendimento coletivo do universo. Não é apenas sobre ir ao espaço, mas sobre tornar a humanidade multiplanetária."
Bezos (Amazon): "Ser a empresa mais centrada no cliente do mundo, onde as pessoas podem encontrar e descobrir qualquer coisa que queiram comprar online."
Marcos Galperin (MercadoLibre): "Nossa missão é democratizar o comércio e o dinheiro na América Latina."
David Vélez (Nubank): "Acreditamos em empoderar as pessoas e facilitar suas vidas, fornecendo serviços financeiros simples, transparentes e eficientes."
Jensen Huang (Nvidia): "Aceleramos a computação para enfrentar os maiores desafios do mundo."
Marc Andreessen (a16z): "Apoiamos empreendedores audaciosos que constroem o futuro por meio da tecnologia."
Pátria Investimentos: "Criar oportunidades de investimento únicas para nossos clientes e construir um legado sustentável nas regiões em que atuamos."
Todas as empresas são extensões dos fundadores e no centro da missão de cada uma delas há algo único acerca deles e das suas obsessões.
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Importance market fit
O papo sobre missão me lembrou algo que já escrevi:
Há uma correlação entre fazer algo que importa e o sucesso. Isto deriva do fato de que (i) as melhores pessoas querem participar de algo grande e (ii) são as melhores pessoas que constroem projetos de sucesso. Como dizia Steve Jobs:
That's why it's so important to pick very important things to do. It's very hard to get people motivated to make a breakfast cereal. It takes something that's worth doing.
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365 dias de CNPJ
Continuando no papo de missão e importância, me peguei escrevendo sobre algumas reflexões deste percurso de empreendedor:
A primeira é aprender a lidar com seu lado ruim. Empreender também é se autoconhecer e ficou muito claro as coisas que sou bom, mas acima de tudo, o que sou ruim. O que está embaixo do tapete vem à tona.
A segunda é que o foco é tão importante quanto difícil. Diante do mundo de oportunidades (e existem tantas), é muito difícil escolher. É muito fácil dizer não para uma coisa obviamente ruim, mas difícil demais entender o que é bom e o que é ótimo. Espero que clareza na missão me ajude justamente nisso.
A terceira é que, enquanto o projeto não é consolidado, o imposto é pago pelas pessoas que você mais ama: sua família, sua companheira ou companheiro, seus amigos. Você está menos presente, manda menos mensagens e tem menos tempo. Com certeza o balanço será necessário ao longo do tempo, mas é uma realidade.
A quarta é que até sair da zona de arrebentação o resultado é correlacionado diretamente com a energia empregada pelos fundadores. O peso da hora trabalhada pelo founder é maior dado o nível de importância e urgência.
A quinta é que trabalhar com algo seu é das sensações mais legais que existem. É mais estimulante, divertido e você aprende muito mais.
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Tema + Founders = Seed Round
Agora voltando das reflexões de empreendedor e caminhando para um exemplo prático:
Quando comecei no Venture Capital, achava que cada detalhe de um investimento early stage era crucial: uma planilha impecável, um Q&A minucioso, um roadmap detalhado para cada etapa.
Hoje percebo que o peso que o produto em seu primeiro estágio deveria pesar muito menos na decisão de investimento.
Como Sam Lessin bem pontuou, o que vale no estágio inicial para investir é o tema (mercado, produto, timing) somado à qualidade dos founders.
Uma escolha de "tema" sólido — um mercado com dores reais, em crescimento e relevante — vale muito mais do que a primeira versão do produto. A interação com usuários em um ambiente tão incerto é intensa, e o encaixe produto/mercado raramente será o mesmo que o planejado inicialmente.
Igualmente essencial são os fundadores. Eles precisam de visão e adaptabilidade para ajustar produto e estratégia enquanto o cenário muda, além de uma resiliência enorme para pivotar sem perder o fôlego (usualmente algumas vezes)
A OpenAI, por exemplo, é totalmente diferente de sua origem: LLMs nem existiam na época. Ainda assim, o tema era poderoso (IA), e os fundadores, excepcionais.
A NVIDIA também não se parece com o que era no começo, mas o tema foi bem escolhido: potencializar o poder computacional com chips. E os fundadores? Extraordinários.
5/7
A lei de Perkins
Outro conselho relevante na análise da estratégia de uma startup é entender o jogo que você joga e como comunicar isto na estratégia. A lei de Perkins, criada por um dos melhores VCs da história, pode te ajudar:
O risco de mercado é inversamente proporcional ao risco técnico.
Com a proliferação de modelos fundacionais e tecnologias que facilitam a construção técnica de produtos, o desafio técnico diminui para muitas startups. Consequentemente, o risco de mercado ganha maior relevância - isto é, como se diferenciar competitivamente e alcançar clientes de forma eficiente torna-se o verdadeiro desafio. Essa mudança traz algumas implicações importantes:
a) Complexidade é bom! Negócios que buscam produtos difíceis e tem complexidade técnica tendem a ter maior defensibilidade de longo prazo (conversei isto com o Fernando Gadotti alguns podcasts atrás).
b) O valor do go-to-market continua altíssimo no mundo pós AI. À medida que mais pessoas buscam se diferenciar por isso, o custo por clique talvez até aumente e a busca por formas alternativas eficientes se torne maior.
Indo para o extremo: o risco técnico de criar um restaurante é baixo, logo, sobressai o risco de mercado (qualidade da comida + distribuição). Já o risco técnico de criar uma empresa de robôs é altíssima, então, haverá menos competição por lá. É um ótimo framework para pensar sobre startups.
6/7
O mercado de tecnologia está mais líquido
Para agregar e finalizar com otimismo essa sequência de reflexões, o mercado teve bons deals recentemente. Veja as transações globais de março:
Wiz (Google): US$ 32 bi (Cybersecurity)
Moveworks (ServiceNow): US$ 2,5 bi (Agentes de IA)
Weights & Biases (CoreWeave): US$ 1,9 bi (IA/ML)
Ampere Computing (Softbank): US$ 6,5 bi (Semicondutores)
Negócio de Jogos da Niantic (Scopely): US$ 3,5 bi (Gaming)
Next Insurance (Munich Re): US$ 2,6 bi (Insurtech)
Ninja Trader (Kraken): US$ 1,5 bi (Fintech/Cripto)
Prováveis IPOs:
Klarna (Fintech)
CoreWeave (IA)
Stubhubb (E-Commerce)
7/7
Me ajude com o artigo do próximo domingo.
Quero ajuda dos meus leitores inteligentes, sobre qual dos três tópicos devo escrever o próximo artigo?
O caso Klarna: Aprendizados e lições da história dessa empresa que está fazendo IPO.
10 princípios que aprendi sobre Venture Capital para investidores e empreendedores (aprendizados práticos)
O spread das empresas software pública: por que o top 10 é avaliado tão diferente do resto? múltiplos de receita é 14x vs 5x.
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Recomendo esta newsletter que tem sido valiosa para meus insights de negócios e tecnologia. O Sunday Drops traz semanalmente análises aprofundadas sobre venture capital, empreendedorismo e tendências de mercado que não encontro em outros lugares. Para quem busca conteúdo premium sobre inovação e estratégia: https://abreu.substack.com/.
Até próximo domingo com o artigo que vocês escolherem.
Ótima semana,
Lucas