Sunday Drops 🌊 #53
O caso Missfresh | Mais sobre Adam Neumann e a16z | A regra dos 3 anos | História das newsletters.
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no Drops de hoje, 4 considerações sobre a startuplândia.
Espero que a edição de hoje traga conhecimento e insights que te gerem novas reflexões ou ponto de vistas.
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Sobre Adam Neumann e o posicionamento do a16z
Na terça feira, publiquei minhas reflexões sobre o investimento do fundo de Venture Capital a16z de US$ 300M na nova empresa em fase pré operacional do Adam Neumann. (sou suspeito rs, mas vale a pena ler!).
Uma opinião controversa sobre o assunto que eu concordo é a de Eric Newcomer1. Segundo ele, um dos aspectos mais relevantes desse investimento é a mensagem que a 16z envia para os founders:
Toda essa saga foi um golaço em termos de posicionamento estratégico para a a16z. O que Andreessen Horowitz sempre entendeu melhor do que ninguém é que o principal público de seu marketing são os fundadores. Portanto, mesmo que as massas achem desagradável investir em Neumann, isso envia uma mensagem clara aos potenciais fundadores de que a a16z quer apoiar os ousados. E os fundadores para eles são aqueles que podem gerar os bilhões em retornos para a Andreessen Horowitz que a empresa precisa para ter sucesso. Este é o contrarianismo de que tão frequentemente se fala.
Sobre Missfresh
Assim como as falências da Webvan e Pets foram emblemáticas para a bolha dot.com, o case Missfresh será marcante históricamente para esse novo momento de mercado.
Missfresh é uma startup de delivery instantâneo que opera em cidades grandes na China. É tipo uma Daki (Jokr), Getir, GoPuff ou Rappi Turbo. Ela constrói pequenos armazéns espelhados por bairro em cidades com alta densidade populacional e entrega produtos de dia-dia muito rápido.
A startup foi fundada em 2014, captou mais de US$ 1 bilhão com investidores privados, como Tiger e Goldman, e em julho de 2021 fez IPO na Nasdaq. Seu valuation então tornou-se de US$2.8 bilhões, com sua ação precificada a US$13. A percepção dos investidores mudou muito e hoje (agosto 2022), sua ação está valendo US$ 0.12 centavos.
Missfresh já está em recuperação judicial e provavelmente é o primeiro caso de unicórnio realmente quebrando.
De tudo que li e pesquisei, não há nenhuma razão mais justificável do que a fragilidade dos unit economics. Enquanto que os investidores nos últimos estavam dispostos a flexibilizar a análise de lucratividade e margens em prol do crescimento, ficou claro que a situação é diferente em 2022.
Basta uma pequena olhada na DRE da Missfresh que você já encontra o problema. O seu total de receita líquida não é suficiente nem para pagar o “COGS", que é o custo que ele tem de compras de produtos para revender somado ao custo logístico (fullfiment).
Ou seja, a cada venda da Missfresh ele estava na verdade perdendo dinheiro, ou "pagando para trabalhar". Em 2018 e 2019, para cada 100 reais em receita, ~120 foram gastos em compras e entrega dos produtos. Já em 2020, devido a escala, para cada 100 reais em receita, 106 foram gastos em compras e entregas.
Enquanto essa conta negativa acontecer nos economics, há uma relação no qual a vida da empresa dependa do aporte de de novos investidores. Ter essa dependência em um cenário mais escasso de capital como o que estamos vivendo é quase mortal.
Essa nova realidade abriu os olhos de outras operações semelhantes: A Jokr, de delivery instântaneo, fechou operações no US para focar apenas na América Latina no qual enxerga mais potencial. A GoPuff também fechou centros de distribuição e realizou layoffs em prol da busca por mais eficiência.
Missfresh é um caso emblemático. Mas não será o único.
Para ler mais sobre o case, recomendo:
Missfresh hit by lawsuits from investors and employees
Missfresh expires
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Sobre Charles Schwabb e sua newsletter nos anos 60
Quando procurei sobre a história das newsletters, descobri que elas não são uma invenção da internet.
Um dos cases históricos mais legais é o de Charles Schwab. Charles é fundador da tradicional corretora que leva o seu nome, cujo valor de mercado hoje é de 140 bilhões de dólares.
Em 1963, recém formado do MBA em Stanford ele começou a newsletter Investment Indicator, que educava os investidores "pessoas físicas" sobre o mercado de ações. No seu auge, 3.000 assinaram a newsletter pagando US$84 dólares ao ano, totalizando uma receita anual de 252 mil dólares (o que corrigindo para valores atuais, seria algo em torno de US$2 milhões)
Somente em 1973 que ele entrou para o business de corretagem. A beleza dessa história é que a Schwab foi a corretora que democratizou o acesso ao mercado financeiro para pequenos investidores e tudo começou a partir do pilar de conteúdo para esse público.
Mesmo no mundo pré internet, a estratégia da Schwab está alinhada a nova economia. Uma curiosidade é que essa corretora foi o benchmark favorito da XP Inc., que também empoderou os pequenos investidores no Brasil a partir da educação.
Construir audiência não é uma vantagem competitiva somente nos dias de hoje.
Foto não é da news do Charlie mas ilustra como eram as newsletters.
Sobre a regra de 3 anos
Eu sei que muitos de vocês são novos assinantes na newsletter, mas eu já estou produzindo conteúdo por aqui há mais ou menos um ano e meio (um salve pra quem tá desde o começo ✌️).
Estou na metade da regra dos 3 anos, que é um princípio que carrego para produzir conteúdo na newsletter. Ele me ajuda a enxergar o longo prazo em meio a neblina do do dia-dia e das demandas momentâneas.
Essa regra foi criada por Matt D’Avella, que é um dos meus criadores favoritos:
Criar algo que seja duradouro, impacte e possivelmente transforme sua vida (e de outros) leva tempo. E por isso, é importante pensar no longo prazo.
O vídeo abaixo pode te trazer inspiração para tirar aquele sonho ou objetivo do papel e começar a executar. O importante é pensar no output de longo prazo e não na dopamina de curto prazo.
Uma coisa que eu posso dizer, ao estar na metade da regra dos três anos, é de que construir algo que seja genuíno e te faça bem, seja full time ou side job como é o meu caso, vale muito a pena.
Sugestões de leitura
Nesse artigo, meu colega Cássio navega por um grande debate que já tivemos: qual o trade-off em levantar mais capital para os empreendedores?
Assim como muitos de vocês, o Daniel é empreendedor e com talento para boas reflexões. Vale a pena seguir a sua newsletter para acompanhar os artigos com pensamentos originais e muitas vezes, curiosos.
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Obrigado pela leitura e perdão pelos pelos typos.
Que a semana seja de conquistas para todos nós.
Até o próximo domingo,
Lucas Abreu