Special Edition: The Next Big Thing LatAm 2023- Creators
Creators Deep Dive
Após uma votação democrática, o deep dive do mês é sobre a Creators Economy! Dado que é um tema tão quente, há muitos materiais públicos de qualidade. A ideia deste artigo então é sintetizar e simplificar, trazendo luz aos principais temas e tendências em torno do assunto. Esperamos um relatório mais direto que possa ser seu guia para o tema.
Como sempre, teremos nossa seção dos Thought Leaders para trazer insights e o mapa do mercado LatAm - que foi o grande sucesso do nosso primeiro deep dive. Este tema é muito especial para nós pois somos criadores e conseguimos viver na pele o potencial e impacto de exercer essa atividade em paralelo ao nosso trabalho do dia-dia.
Neste artigo, iremos cobrir:
Introdução
Sistema econômico da Creators Economy
Discussão com Thought Leaders
Mudanças relevantes
Oportunidades
Investimentos de VC
Principais VCs
O que vem depois?
Creators Economy LatAm Market Map
Conclusão
Sugestão de leituras
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Um pouco de história:
Ao longo do tempo, várias formas de mídia que interagem diretamente com o consumidor final foram criadas. No século IX, livros e jornais eram produzidos pelos chineses usando blocos de madeira. Os coreanos utilizavam na produção de livros e jornais móveis de metal por volta do século XII. No entanto, a invenção da primeira prensa ocorreu em 1436. Isso iniciou o que é chamado de Revolução da Impressão. Depois vieram o rádio, o cinema, a TV e, finalmente, a internet. Uma coisa em comum entre todos esses: a criação de conteúdo era controlada e centralizada.
Mas então, vieram as redes sociais - e tudo mudou. É verdade que os blogs (e até newsletters) existiam antes. No entanto, era difícil aumentar o número de leitores ou o impacto de cada conteúdo. As redes sociais democratizam a produção de conteúdo - e pela primeira vez na história, a popularidade não dependia mais de estúdios ou grandes empresas. Isso causou uma mudança significativa em nossas vidas cotidianas, pois estamos sempre consumindo conteúdo de uma forma ou de outra. Comunicar, aumentar o alcance, ganhar relevância e, assim, causar um impacto tornou-se mais fácil. Na verdade, fica mais forte a cada dia. Quem está no o centro de tudo isso? CRIADORES.
A Economia dos Criadores surgiu.
Algumas pessoas, como Jack Conte, CEO do Patreon, argumentam que estamos vivendo o "Segundo Renascimento". Para refrescar nossa memória, o Renascimento foi um período de progresso em vários campos e provocou uma revolução de paradigmas na arte, no conhecimento e na cultura. Mudou a maneira como os cidadãos pensavam a partir da redescoberta da filosofia clássica, da literatura e da arte, assim como gerou novas descobertas em viagens, invenção e estilo.
Segundo ele, estamos vivendo a "Segunda Renascença" porque a internet e a mídia social estão redefinindo completamente a maneira como consumimos arte, conhecimento, moda e viagens. É uma tecnologia que, para o bem e para o mal, está redefinindo a sociedade. E estamos só no começo, pois:
Existem mais de 4 bilhões de pessoas online
Mais de um bilhão delas possuem um smartphone capaz de criar mídia de alta qualidade
A criatividade e a criação de conteúdo online estão em alta
O custo de criar conteúdo praticamente chegou a zero
Mais de 50 milhões de pessoas apenas nos EUA se descrevem como 'criadores'
No Brasil, segundo a Youpix, temos 20 milhões de criadores.
Novas ferramentas de monetização podem expor formas em que os criadores podem ganhar a vida com seu trabalho
O sucesso da creators economy está começando a impactar a cultura, com crianças aspirando a se tornarem criadoras também.
O que é Economia de Criadores?
Antes de olhar para a economia em si, vamos dar uma olhada nas personas, já que isso é muito discutido. Criador, criador de conteúdo, criador digital ou influenciador - qual é a diferença? Sim, é verdade que esses termos podem ser intercambiáveis. Para ser mais preciso, criadores digitais ou criadores de conteúdo geralmente se referem àqueles que criam conteúdo digital - textos, blogs, vídeos. O termo mais amplo "criador" surgiu para abranger aqueles que podem não se encaixar na definição de produção de algo "digital". Por exemplo: escultores, jardineiros ou atletas cujo conteúdo principal na web não é criado nela, mas estão usando as redes sociais para aumentar o alcance de seu público por meio de meios digitais e criando conteúdo digital sobre o que fazem offline.
Acredite ou não, o termo influenciador precedeu a web e sua definição evoluiu. E não deve ter uma conotação negativa como alguns tentam colocar. Ele refere-se àqueles com um grande número de seguidores que, influenciam seu público através de seu conteúdo, a fazer compras, seguir tendências ou tomar outra ação. Um criador pode não ter alcançado ainda o status de influenciador, mas o inverso não é verdadeiro. Criador foi introduzido como um termo guarda-chuva moderno que inclui influenciadores. Pode-se argumentar que qualquer criador online pode ser considerado um influenciador se tiver um público dedicado significativo que seja inspirado a se envolver.
Ainda há alguma disputa sobre as palavras preferidas para descrever os criadores e a economia de criadores em rápido crescimento. É natural, já que a evolução da linguagem demora mais que a evolução da tecnologia e das tendências. Certamente logo logo veremos outros termos...
Na era digital, onde a atenção é escassa e dispersa, acessar o público por meio de conteúdo é, com certeza, uma vantagem competitiva. A internet possibilitou que qualquer pessoa ou organização possa se comunicar diretamente com seu consumidor final. E gerou o fenômeno descrito por Tom Feremski em 2009:
Every company is a media company.
Toda empresa é uma empresa de mídia.
Hoje, em 2023, essa frase poderia ser assim:
Todas as pessoas são empresas de mídia.
Economia de Criadores: Como monetizar? Ouvimos muito sobre esse ponto. O fato é que os criadores estão encontrando maneiras de monetizar conteúdo diretamente com seus fãs e com grandes empresas. O ecossistema em torno dessas ações é o que chamamos de Economia de Criadores. Em tom mais formal, a economia facilitada por software que permite que criadores e influenciadores ganhem receita a partir de suas criações é o que chamamos de creators economy.
As plataformas (Instagram, YouTube, TikTok e outras) ajudam os criadores a serem descobertos e a estabelecerem um público, investindo pesadamente em seus algoritmos de recomendação e curadoria - elas resolveram o problema da distribuição para os criadores.
Alguns números deste mercado: De acordo com o "Relatório do Criador 2022" da Linktree, atualmente existem 207 milhões de criadores de conteúdo em todo o mundo. 66% são de meio período. No entanto, apenas 1% desse número são o que chamamos de "experts" - considerados pessoas com mais de 100.000 seguidores. Como em quase tudo na vida, a economia de criadores se encaixa em um modelo mental de "Power Law". Ou seja, uma grande parte do dinheiro e da renda atual e, portanto, do engajamento é capturada por poucos. Neste caso, por~1% dos criadores.
O mesmo relatório aponta que em 2022 é esperado que a economia dos criadores gere cerca de US$60 bilhões de receita com um crescimento de cerca de 9% ao ano até 2024, quando pode se aproximar de US$75 bilhões de receita. Cerca da metade das receitas provêm de plataformas de vídeo baseadas em anúncios, como o YouTube.
Sistema Econômico da Economia dos Criadores
A economia dos criadores é sobre os criadores se financiarem com sua audiência. Portanto, é extremamente importante entender quem é o criador e quem é este público.
Há um estudo interessante feito pela Shopify sobre os 7 arquétipos e personalidades dos criadores. Se você acha que um criador precisa ser envolvente e necessariamente com boa presença na câmera, está enganado. Há muitas maneiras de aproveitar suas habilidades ou interesses específicos e construir uma marca pessoal em torno deles.
Agora, vamos falar sobre a audiência possível de cada criador. Ela varia pois o relacionamento com o público ocorre em diferentes plataformas. Cada pessoa deseja um nível diferente de proximidade com o produtor de conteúdo e, portanto, o relacionamento ocorre em várias plataformas.
Nosso framework preferido para entender o relacionamento com a audiência é o Funil de Audiência compartilhado por Alex Lieberman, fundador do Morning Brew.
O conceito é simples, mas permite que você:
Pense estrategicamente sobre a construção de sua própria audiência
Analise a força relativa das audiências de outras empresas
Compreenda as semelhanças e diferenças dos diferentes canais de audiência
O Funil de Audiência é dividido em três níveis, que incluem:
Audiência Alugada
Audiência Própria
Audiência Monetizada
Monetização
Nós discutimos o tipo de criadores e como eles lidam com seu público. A última questão é entender a geração de receita, que é por sua vez um resultado da estratégia de monetização.
Aqui encontramos um dos grandes desafios da economia dos criadores: o dinheiro está concentrado nos criadores poderosos. Como mencionamos, este setor segue um modelo mental de power law, onde uma pequena porcentagem de criadores no topo captura a maioria dos ganhos e atenção dentro da indústria. Isso é frequentemente chamado de fenômeno da "cauda longa", onde alguns criadores populares dominam o mercado enquanto a maioria luta para ganhar a vida.
Atualmente, as parcerias com marcas são a principal maneira que os criadores de conteúdo financiam sua carreira. As características-chave para se ter sucesso são autenticidade, e que esses criadores reflitam amor/paixão genuína pelos produtos que promovem. As parcerias autênticas com marcas vêm de relacionamentos diretos entre marcas e criadores de conteúdo. Esta abordagem contrasta diretamente com o modelo de mercado onde marcas e criadores são "correspondidos" sem nenhum dos dois sabendo muito sobre o outro. Estes são os conteúdos que convertem e envolvem grandes marcas.
Isso também é uma realidade para os criadores brasileiros. De acordo com o relatório "Latin America Digital Report" (2021) do fundo Atlantico, a fonte de monetização mais comum para os criadores latino-americanos ainda é o conteúdo patrocinado (55%).
Apesar de estar na vanguarda do consumo de internet e mídia digital, a economia dos criadores na América Latina ainda é subdesenvolvida, tornando difícil para criadores independentes monetizar suas habilidades ou continuarem com suas atividades online.
Em outras palavras, os criadores na região ainda enfrentam barreiras significativas quando se trata de transformar sua influência em ganho financeiro. O mesmo estudo, que entrevistou mais de 5.000 criadores, revelou que metade deles ganhava menos de US $100 por mês, e quase um quarto deles não gerava nenhuma receita. Isso prova que ainda é difícil para a maioria dos criadores ganhar a vida com o seu sonho. Esse é um grande desafio, tanto que existem empresas como a Brandlovrs tentando fortalecer a longtail de criadores ou agências dedicadas como a InCast. O Brasil é de fato um hub para o tema. Se olharmos para os gráficos abaixo, somos de fato o país com mais usuários da internet querendo ser influenciadores e os que mais compram desses influenciadores.
Discussão com Thought Leaders
1) Laura Constantini
Laura é co-fundadora e General Partner da Astella, fundo de Venture Capital LatAm e membra do conselho da Endeavor Brasil. Ela começou a investir em 2010 e desde então é uma entusiasta do espaço de criadores/solopreneurs. Ela acredita que, a longo prazo, há uma excelente oportunidade para startups gerarem e capturarem valor. Em todos os aspectos, a LatAm será um dos protagonistas do mundo dos criadores. Dois insights surgiram em nossa conversa:
a)A infraestrutura. Laura acredita que é inevitável que a economia dos criadores precise de sistemas operacionais para facilitar a criação, gerenciamento e monetização de conteúdo. Esse sistema operacional forneceria soluções e produtos para os criadores se conectarem com seu público, organizarem o backoffice e monetizarem seu conteúdo nos diferentes canais. É um mercado em busca de soluções e há várias oportunidades que podem ajudar os criadores a serem mais eficientes.
Esta reflexão vai na mesma tese do movimento defendido pela a16z de "As More Workers Go Solo, the Software Stack Is the New Firm".
Vários nichos podem se beneficiar do sistema operacional econômico do criador. Por exemplo, as necessidades de influenciadores, artistas, músicos, escritores e podcasters são diferentes e fornecer-lhes as ferramentas e recursos certos será uma oportunidade enorme.
b) Empoderamento de nichos. Laura mencionou que para destravar o crescimento da creators economy, é de extrema importância qualificar os seguidores e o público de cada nicho, especialmente no long tail. Este é um dos aspectos mais importantes que desbloqueiam o potencial de monetização para o criador. Somente por meio de uma maneira escalável de qualificar esse público, a monetização da long-tail será mais fluída. Os investimentos no long tail tendem a ter um ROI mais alto, mas para capturá-lo, é obrigatório ter uma compreensão maior do interesse e das necessidades do público. Isso implica em uma abordagem mais aberta as principais redes sociais.
2) Fernanda Lobão
Fernanda é uma empreendedora que está construindo sua jornada no mundo dos criadores. Ela é co-fundadora e CEO da Final Level, empresa de midia e influencia digital focada em games and genZ. Aqui estão alguns insights que surgiram em nossa conversa:
a) Cada criador tem seu próprio canal e é sua própria emissora: Com o surgimento da internet, mídias sociais e acesso à tecnologia, os criadores começaram a disruptar a mídia tradicional. Isso levou a um movimento chamado "nova mídia", no qual o poder de influência está se tornando cada vez mais relevante para os criadores, que são seus próprios canais de mídia. Isso representa uma enorme mudança para a indústria de publicidade e mídia.
b) A monetização está à beira da transformação: De acordo com o YouPix, temos 20 milhões de criadores no Brasil. Destes, apenas ~50 mil monetizam mensalmente mais de US$ 500. Isso representa oportunidades enormes para quem tenta criar soluções para capacitar todas essas habilidades criativas.
c) Um fato importante que todos devem estar cientes na economia dos criadores é que tudo muda rapidamente. As mudanças acontecem rapidamente. Alguns exemplos incluem a ascensão de vídeos curtos, mudanças culturais rápidas e o uso de novas ferramentas, como é o caso da inteligência artificial.
d) De acordo com Fernanda, as oportunidades são infinitas. Pessoas com experiência de negócios podem colaborar muito em um mercado imaturo como o dos criadores. Outra visão interessante é que existem boas oportunidades para fusões e aquisições, tanto para acquire quanto para business complementares. Este mercado ainda é muito fragmentado..
Mudanças relevantes na Creators Economy
Existem mudanças críticas neste mercado emergente que precisam ser destacadas:
Competição por atenção
O tempo e a atenção são limitados. Como disse Nick theWilde: A atenção é como oxigênio para os criadores. Aqueles que a capturam têm uma chance de vida, enquanto aqueles que não conseguem tendem a perder relevância.
A explosão da economia dos criadores levou a uma oferta excessiva de conteúdo, com inúmeros criadores disputando atenção em um mercado cada vez mais competitivo. À medida que a economia dos criadores continua a crescer, essa tendência de oferta excessiva provavelmente se tornará ainda mais acentuada. O surgimento de plataformas de mídia social, como TikTok e Instagram, tornou mais fácil do que nunca para indivíduos compartilharem seu trabalho criativo com o mundo. Embora isso tenha democratizado indubitavelmente o processo criativo, também levou a um volume avassalador de conteúdo. Com tantos criadores produzindo tanto conteúdo, pode ser difícil para qualquer indivíduo se destacar na multidão.
Para ter sucesso nesse mercado lotado, os criadores precisarão encontrar novas maneiras de se diferenciar e se destacar na multidão. Naturalmente, a qualidade é o que mais importa.
Dependência de plataformas de mídia social e o risco de alcance
À medida que a economia dos criadores continua a crescer, muitos indivíduos se tornaram cada vez mais dependentes de plataformas de mídia social para distribuição e promoção de seu trabalho. Embora essas plataformas ofereçam acesso sem precedentes ao público, elas também representam um risco significativo para o alcance dos criadores.
Os algoritmos que as plataformas de mídia social usam para determinar quais conteúdos aparecem para os usuários estão em constante mudança, e os criadores podem se encontrar repentinamente perdendo visibilidade se não agirem de acordo com esses algoritmos. Além disso, as plataformas de mídia social podem mudar suas políticas e termos de serviço a qualquer momento, o que pode levar à suspensão ou término da conta de um criador e à perda de toda a sua audiência.
No Brasil, quase todos os criadores do YouTube perderam uma relevante parte de sua receita por visualização nos últimos dois anos devido às mudanças no algoritmo e na monetização.
A profissionalização dos criadores
Conforme a economia dos criadores amadurece, muitos deles estão adotando uma abordagem mais profissional em relação ao trabalho. Essa mudança é motivada pela crescente demanda por conteúdo de alta qualidade e pela oferta cada vez maior de ferramentas e recursos que ajudam os criadores a melhorar suas habilidades. Assim, muitos criadores estão investindo em educação, treinamento e equipamentos para produzir trabalhos de maior qualidade.
Com essa profissionalização, os criadores também estão explorando novas formas de monetização, como licenciamento, patrocínios, criação de marcas próprias para gerar mais receita e estabelecer conexões mais profundas com seu público. Um exemplo de profissionalização é o caso de Norton Mello, influenciador de fitness que vende aulas em grupos privados para seu público. Ele conseguiu monetizar sua audiência por meio da plataforma de assinatura LastLink, gerando mais de R$ 10 milhões em vendas. Sua parceria com Juninho Brum, da VNove Agency, que cuida de todo o marketing e operações, permitiu que o criador se concentrasse na sua "arte" e foi um ponto de inflexão que evidencia a profissionalização que está ocorrendo em toda a indústria.
Essa tendência de profissionalização é provável que continue a ocorrer à medida que a economia dos criadores cresce e amadurece. À medida que os criadores se estabelecem cada vez mais, eles serão cada vez mais reconhecidos como profissionais em seu próprio campo, o que pode criar novas oportunidades para a colaboração e a inovação na indústria.
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Oportunidades na Creators Economy
Empoderamento de nichos
“The internet enables niche in a massively powerful way.” Ben Thompson
O fato mais empolgante e bonito sobre a internet é o empoderamento dos nichos. Com o poder da internet de conectar pessoas de todos os cantos do mundo, nunca foi tão fácil encontrar e se conectar com indivíduos com interesses semelhantes. Você pode encontrar qualquer tribo que quiser na internet. Isso levou à criação de comunidades de nicho centradas em interesses, hobbies e paixões específicas. Essas comunidades criaram uma demanda por produtos e serviços que atendam às suas necessidades únicas, apresentando uma oportunidade para criadores alcançarem uma audiência dedicada e construir um negócio próspero.
Para criadores, a capacidade de se conectar com uma audiência específica provou ser incrivelmente valiosa. Ao criar conteúdo que ressoa com uma comunidade de nicho, os criadores podem construir um público fiel e monetizar seu conteúdo de maneiras inovadoras. O surgimento de plataformas como Patreon e OnlyFans tornou mais fácil do que nunca para criadores monetizarem seu conteúdo e construírem uma carreira sustentável fazendo o que amam. Ao abraçar essas plataformas e atender a uma audiência específica, os criadores podem se libertar das limitações tradicionais do mercado mainstream e construir um negócio próspero em seus próprios termos. Geralmente, é mais fácil monetizar através de uma audiência de nicho do que uma audiência mais ampla, o que explica por que é mais fácil para criadores de nicho monetizarem.
Para empresas, a capacidade de atender a uma audiência específica tornou-se essencial para se destacar em um mercado lotado. Ao identificar um nicho e atender às suas necessidades únicas, as empresas podem se diferenciar de seus concorrentes e construir uma base de clientes dedicada. Isso levou ao surgimento de campanhas de marketing hiper direcionadas que falam com uma audiência específica, levando a taxas de engajamento e conversão mais altas.
Em geral, o surgimento de mercados de nicho transformou a maneira como consumimos e criamos conteúdo, apresentando oportunidades significativas para criadores e empresas.
Uso de inteligência artificial
A inteligência artificial está mudando o jogo para criadores: da produção de música e vídeo a design gráfico e redação de conteúdo, ferramentas com IA estão automatizando tarefas mundanas e permitindo que os criadores experimentem novas ideias e conceitos.
O potencial da IA no mundo da criatividade é ilimitado. Ferramentas podem ajudar tanto na construção de novos materiais, como também em ferramentas de edição que auxiliam criadores a refinar seu trabalho, economizando tempo e esforço.
Alguns casos legais que estão acontecendo: i) Podcastle, que ajuda na produção de podcasts, lançou um novo recurso, o Revoice, que permite que os usuários "clonem" sua própria voz com a ajuda de algoritmos com IA. (ii) Os criadores da Gumroad agora podem pedir sugestões ao ChatGPT chatbot sobre o que fazer com seus ganhos. (iii) As ferramentas com IA da Kajabi geram automaticamente ideias para esboços de cursos, e-mails de vendas, páginas de destino e aulas.
À medida que a IA se torna mais prevalente na economia dos criadores, eles precisarão encontrar maneiras de se destacar do conteúdo gerado por IA. No entanto, ignorar o potencial da IA seria uma oportunidade perdida para criadores que buscam expandir os limites de sua arte. As possibilidades são infinitas, e o impacto da IA na vida dos criadores está prestes a ser verdadeiramente transformador.
Oportunidades para a classe média
Um dos principais desafios para entender a visão da economia criativa é capacitar a classe média de criadores. Como mencionado antes, atualmente apenas uma pequena porcentagem de criadores captura a maioria da riqueza das plataformas. As principais formas de monetização privilegiam grandes públicos em vez de capacitar nichos.
A "terra prometida", no qual os criadores podem ganhar a vida com suas paixões é algo que está disponível apenas para uma minoria. O cenário é muito semelhante a uma economia em que a maior parte da riqueza está no topo de uma pirâmide, concentrada nas mãos de alguns. Por exemplo, os artistas no Spotify precisam de 3,5 milhões de reproduções em suas músicas em um ano para ganhar um salário mínimo, forçando muitos artistas a buscar outras fontes de renda, como venda de mercadorias e concertos. Além disso, apenas 1,4% dos artistas (43.000 músicos) recebem 90% dos royalties na plataforma.
Outra plataforma que é elogiada por seu suporte aos criadores, o Patreon, tem apenas 2% dos criadores ganhando mais do que um salário mínimo. O gráfico de dinheiro gerado versus número de criadores se assemelha a uma curva de Pareto.
Como mencionado anteriormente, o estudo do Atlantico apontou que a monetização significativa para criadores digitais no Brasil ainda está longe de ser uma realidade. Em uma pesquisa com mais de 5.000 criadores, apenas 14% são capazes de ganhar mais de R$2.500.
Ao falar sobre plataformas, a chamada classe média é também crucial porque eles produzem a maior parte do conteúdo e são responsáveis por diversificar o conteúdo. Mega-hits, ou seja, os grandes criadores, são importantes para trazer demanda e gerar inspiração, mas a maior parte do poder da rede vem do conteúdo gerado por criadores da classe média.
Na plataforma, a classe média teria a função de descentralizar essas receitas e mitigar o risco desses criadores "mais ricos" migrarem para outras plataformas e tirarem parte dessa riqueza e engajamento dos seus públicos. Por exemplo, imagine que o top 1% da população de criadores no TikTok mude para uma plataforma concorrente. A chance dessa mudança gerar um impacto negativo e ameaçar o negócio do TikTok é razoável.
Creators funds
Existe um novo participante do ecossistema do Venture Capital: o criador ou influencer digital. Exemplos? Os Chainsmokers, que formam a dupla de DJs mais conhecida do mundo, captaram seu primeiro fundo de US$ 35 milhões de 2020. O ator Ashton Kutcher é cofundador da Sound Ventures fundo de Venture Capital que já investiu em mais de 125 startups. Há muitos outros casos.
Criadores e influenciadores digitais terão participação relevante no mercado de Venture Capital, principalmente no segmento de fundos followers. Não há nenhuma dor maior para uma startup do que a distribuição, isto é, encontrar meios pelos quais pode expor o seu produto para alcançar o cliente final. E aí que entram os criadores digitais: No momento em que eles ou elas se associam a fundos followers, fazem com que eles sejam mais atrativos para as startups, que enxergam nessa parceria uma oportunidade de melhorar - e muito- a sua distribuição.
Da perspectiva do criador digital, essa parceria tende a acontecer de três formas:
Ele pode se tornar sócio de um fundo Venture Capital ou criar o seu próprio. O seu principal poder de barganha na sociedade será a sua audiência preexistente e poder de distribuição. Esse foi o caminho trilhado pela dupla de DJs Chainsmokers, que se juntou a dois investidores para criar o fundo Mantis.
O criador pode se tornar um Venture Partner. Essa posição refere-se a um parceiro que não atua no dia-dia, mas ajuda nas tomadas de decisão e na prospecção de deals (ressalto que esse papel varia de fundo para fundo). Tiago Leifert é Venture Partner na BasePar, fundo brasileiro de investimento em startups.
Por fim, ele pode se tornar um investidor de um fundo. Foi o que aconteceu com os gamers vinculados à agência americana Night Media. Eles passaram a se tornar investidores, ou seja, limited partners, do fundo de Venture Capital criado pela agência.
O resumo da ópera é que a presença de criadores no Venture Capital tende a crescer cada vez mais. Isso porque ele tem algo que os fundadores de startups consideram muito valioso: uma rede proprietária de distribuição que pode ser usada a serviço das startups. Para os criadores, pode ser uma ótima oportunidade, especialmente se decidirem investir nos setores relacionados ao consumo, creator economy ou gaming. Mas tudo vai depender do nível de risco que eles estejam dispostos a correr.
Criadores como founders
Com o aumento de relevância e popularidade dos creators, há um desejo de levar as coisas para o próximo nível e se tornar proprietários de empresas.
De acordo com um relatório recente da Insider Intelligence, 39% dos criadores aspiram a se tornar sócios/fundadores de empresas. Essa estatística é um testemunho do espírito empreendedor e da ambição que caracteriza os criadores de hoje.
Possuir um negócio como criador oferece a oportunidade de construir uma marca pessoal que ressoa com fãs e seguidores. Os criadores podem estabelecer uma identidade única e cultivar um público leal que investe em seu conteúdo e valores. Ao criar suas próprias marcas, os criadores podem aproveitar sua popularidade e expertise para criar novas fontes de receita e colaborações com pessoas e empresas de mentalidade semelhante.
O potencial de ganhos para os criadores também é significativamente maior quando possuem seus próprios negócios. Eles podem monetizar seu conteúdo por meio de patrocínios, publicidade, vendas de merchandising e outras fontes de receita, levando a uma corrente de renda sustentável que suporta seus empreendimentos. Isso também pode levar a oportunidades de expansão e diversificação, à medida que os criadores exploram novas maneiras de monetizar suas habilidades e expertise.
Um dos casos mais interessantes é o da marca de bebidas de Logan Paul, a Prime. Ele fez história ao se tornar a primeira marca liderada por um criador a ter um comercial no Super Bowl este ano, depois de gerar impressionantes $250 milhões em vendas em 2021. Apesar dos cases de sucesso, lançar um negócio requer uma mentalidade distinta da criação de conteúdo, segundo Alessandro Bogliari, fundador e CEO da The Influencer Marketing Factory. Ou seja, não é um caminho para todos.
No Brasil, temos alguns exemplos interessantes:
Felipe Neto - O YouTuber e influenciador que construiu um império de mídia com sua empresa, Grupo Neto. A empresa possui várias divisões, incluindo uma agência de talentos que representa criadores e uma produtora que cria conteúdo para marcas
Camila Coelho - Ela é uma influenciadora de moda e beleza que lançou sua própria marca de beleza, Elaluz, em 2019. A marca oferece uma variedade de produtos de maquiagem e cuidados com a pele de alta qualidade, projetados para serem inclusivos e acessíveis a todos.
Julia Petit - É uma criadora que lançou sua própria marca de beleza, Sallve, em 2019. A marca oferece uma variedade de produtos de cuidados com a pele. Sua empresa, Salve, recebeu investimentos de empresas de capital de risco como Astella, Kaszek e Atlântico.
Camila Coutinho - A influenciadora lançou a GE Beauty, que fornece produtos para cabelo e tem ganhado destaque entre as mulheres.
Gustavo Lima - O músico lançou uma marca de bebidas e perfumes.
Ao olharmos para o futuro, podemos prever ainda mais criadores se aventurando no empreendedorismo e criando novos negócios empolgantes que estão na intersecção da criação de conteúdo, mídia e entretenimento.
f) Outros
Existem várias oportunidades para criadores - nós mencionamos apenas algumas. À medida que a economia evolui, outras fontes de receita e negócios surgem.
Investimentos de Venture Capital
Os VCs desempenharam um papel crucial na creators economy. Em 2021, eles investiram mais de $5,07 bilhões em empresas de economia de criadores, de acordo com The Information.
No entanto, o financiamento para a economia de criadores começou a declinar - seguindo o que rolou com toda a indústria de tecnologia. O quarto trimestre de 2022 registrou uma queda para $270 milhões, abaixo do pico de $1,70 bilhão no segundo trimestre de 2021, de acordo com o "Creator Economy Database" do The Information. Essa desaceleração do financiamento pode persistir em 2023 devido às difíceis condições econômicas. No entanto, vale ressaltar que o investimento é apenas uma peça do quebra-cabeça na economia de criadores.
Apesar da queda dos investimentos de VCs, os criadores globais ainda estão trabalhando com outras soluções de financiamento. Startups como Creative Juice, Spotter e Jellysmack oferecem adiantamentos aos criadores em troca de propriedade temporária sobre seu catálogo anterior do YouTube.
Principais VCs investindo no setor
O que vem por aí?
Se você achou que a cripto não teria um papel, pense novamente! O próximo passo para os criadores é através do Web3 - o que as pessoas estão chamando de "A Nova Economia dos Criadores".
A tokenização é uma alternativa de monetização direta entre criadores e seus respectivos públicos. A economia de criadores Web3 pode permitir que os usuários não apenas possuam o conteúdo que criam em plataformas existentes, mas também lhes dê uma participação na plataforma em que estão distribuindo seu conteúdo. Tokens não fungíveis, como exemplo, oferecem uma maneira de comprovar a propriedade do conteúdo e confirmar sua credibilidade.
Além disso, há todo um debate de que as plataformas estão ganhando uma parcela muito grande da receita. De fato, os sistemas de recompensas do Web2 estão inclinados a favor de grandes plataformas. YouTube, Facebook e Twitch ganham bilhões de conteúdo que não criam e dados que não possuem. A tecnologia blockchain, por sua vez, poderia oferecer uma alternativa às plataformas Big Tech. Atualmente, a complexidade em estágios iniciais que desencorajou muitos deu lugar a interfaces amigáveis ao usuário. Enquanto isso, infraestrutura acessível está facilitando experiências de próxima geração de propriedade de criadores - sem a necessidade de codificação.
A prova de propriedade, que é fundamental para o sistema, está incorporada, mesmo quando muitos criadores colaboram em um projeto. Isso garante a partilha de lucros equitativos em perpetuidade, mesmo depois que os colaboradores seguiram caminhos separados. Talvez o mais importante, as plataformas Web3 não têm autoridade central com o poder de derrubar ou censurar a criatividade.
Embora ainda não seja amplamente utilizado, o Web3 tem termos mais favoráveis para os criadores - e deve ser a próxima fronteira para eles (desde que o público também migre).
Market Map Creators
Um dos outputs deste projeto é dar visibilidade as empresas LatAm trabalhando na creators economy. Nós perguntamos no Linkedin, Twitter, Instagram e na nossa rede de relacionamento para descobrir empresas do setor. A partir das respostas, mapeamos 48 startups no setor. É ainda um trabalho em progresso. Está sentindo falta de alguma? Sugira nesse formulário que iremos adicionar!
Conclusão
A creators economy não é algo passageiro. Não é apenas mais uma buzzword. É uma indústria em crescimento acelerado que está mudando a sociedade e como pensamos sobre a criação e marketing de conteúdo. Ao se associar à criadores, as marcas podem criar conteúdo autêntico que ressoa com seu público-alvo, impulsionando o engajamento e a conscientização da marca. Os creators oferecem aos consumidores e marcas uma oportunidade única de se conectarem de maneiras nunca anteriormente possíveis na história do varejo. As marcas que enxergam além do poder de conversão inicial das campanhas de influenciadores podem aumentar sua autenticidade em todo o seu funil de marketing, reduzindo seus custos e aumentando seus resultados.
Em resumo, a economia dos criadores não vai desaparecer tão cedo e continuará a atrair mais receita. Os profissionais de marketing precisam formar parcerias de longo prazo e mutuamente benéficas com influenciadores e criadores para alcançar seu público-alvo. Isso será cada vez mais crucial com o tempo.
Depois de ler este artigo - se você ainda não está convencido, pense novamente. Você está lendo um exemplo de conteúdo feito por dois creators e compartilhado com você. Então, se você gostou, divulgue! Os creators agradecem 😊
Sugestão de leituras
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