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Na vida, existe um período de inflexão: quando jovens, somos deslumbrados pelas complexidades, palavras bonitas e termos difíceis. Até percebermos que é excesso, e boa parte das regras da vida são transmitidas pelas coisas mais simples.
A simplicidade também é um princípio por trás do sucesso de muitas empresas, pois gera clareza.
Uma das melhores formas de definir isso é através do meme que é uma distribuição normal (“bell curve”) que compara a distribuição das atitudes entre outliers, tanto positivos quanto negativos. O "burro” e o" ninja” pensam de forma extremamente simples; o que muda é a capacidade de execução. A maioria das pessoas, no meio da curva, se envolvem em frameworks e complexidades, e não conseguem atingir o patamar do “ninja”, pois não buscam a simplicidade.
Vamos aplicar isso a um caso pessoal. Uma newsletter que me inspira muito é "The Generalist" do Mario Gabrielle. Ao revisar a tese da minha newsletter, escutei uma entrevista do Mario onde ele dizia algo assim: "Meu objetivo é enviar o artigo mais insightfull de tech todos os domingos."
Simples, né? Isso me fez perceber que muitas newsletters se enquadram no meme da seguinte forma:
Eu passei (e passo) muito tempo como o "cara do meio", pensando em frameworks, estratégias e otimizações, enquanto o foco deve ser: mandar um excelente artigo todo domingo e a mágica acontece. O resultado está na simplicidade. Vamos a outros exemplos:
Produto
As empresas são simples. Para ter sucesso, "basta" deixar clientes felizes e encontrar formas de crescimento escaláveis.
Jeff Bezos é famoso por uma pergunta que faz antes de qualquer decisão estratégica: "Does it improve the customer experience?"
Se todo o seu time estiver focado em "deixar o cliente feliz", 99% do trabalho importante estará sendo feito. Scott Belsky, uma das lendas do produto, fala que "empatia com o usuário final" é o fator mais importante. Em outras palavras, é estar na linha de frente e sentir a dor.
Um product manager lendário do Brasil, fundador de um aplicativo de mobilidade, passava muito tempo na rua, dentro dos carros, avaliando a experiência dos motoristas. Isso gerava insumos para fazer uploads de features e melhorar a UX.
Um amigo meu, fundador de uma startup badalada da nova geração, corroborou essa visão. Ele disse que se distanciar dos clientes foi um erro caro, e a empresa só cresceu exponencialmente quando os fundadores voltaram a estar perto dos usuários finais. É crucial que os fundadores também estejam próximos, pois são os guardiões da visão, e uma visão distante do usuário final é falha.
Voltando ao ponto: confundem simplicidade com facilidade. É muito difícil ser simples, mas parece ser o caminho para o sucesso.
Nubank e a simplicidade
O NPS do Nubank é de 87. A média dos bancos é de 24. Nubank entrega excelência nesse aspecto.
A base da filosofia do Nubank é deixar os clientes felizes. Recentemente, Jag Duggal, CPO da Nu, participou do Lenny Podcast e revelou detalhes:
A satisfação do usuário é a base para qualquer variável. Jag comenta que um dos valores peculiares da organização é "querer que os clientes os amem fanaticamente". Um dos métodos para medir isso é o "Sean Ellis Score", que avalia o product market fit e a satisfação do usuário. Um produto só é escalado no Nubank quando atinge o patamar de 50% no "Sean Ellis Score", o que quer dizer, que 50% dos clientes ficariam muito decepcionados se o Nubank não existisse mais.
Para um cliente amar um banco, é necessário resolver uma dor profunda. Para isso, é preciso estar próximo do cliente. Jag comentou sobre o processo de pesquisa de dor:
"Ligamos para dez clientes, pegando o telefone mesmo. Não pedimos a um pesquisador para elaborar um plano de pesquisa. O time pegará o telefone, ligará para dez deles, e nove em cada dez vezes, já poderá prever o que os clientes 6, 7, 8, 9 e 10 vão dizer. Assim, você sabe qual é a lacuna ou o que realmente ressoa."
Seja no caso do Nubank, de uma newsletter ou em qualquer aspecto da vida, a simplicidade remunera.
Buffett e Munger escreveram: "A simplicidade melhora o desempenho, pois nos permite entender melhor o que estamos fazendo."
Talvez seja um bom momento para enviar este texto ao time de produto e pensar nas complexidades que precisam ser reduzidas. Também sugiro escutar o podcast do Jag do Nu (está muito bom). Compartilhe abaixo:
Sobre Sean Ellis Score: https://learningloop.io
Formas de mensurar o product market fit: https://abreu.substack.com/p/formas-de-mensurar-o-product-market-fit-
Saiu o terceiro episódio do Abreu Podcast com Leonardo Otero, sócio e fundador da Arbor Capital, um dos principais fundos de investimento tech: