O voo mais alto de um VC, o panorama atual do VC LatAm e um relatório sobre SaaS.
Sunday Drops 🌊 #98
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O Sunday Drops de hoje segue o formato de reflexões. Ao ler, você descobrirá:
Que um Venture Capitalist pode ir para Casa Branca com Vice Presidente e o que isto representa para o mundo da tecnologia.
O futuro do SaaS segundo a Avenir Growth.
O Abreu Podcast da semana (se ainda não conferiu, agora é a hora) é com Raphael Dixklay, co-founder da Barte, fintech que cresceu 9x nos últimos 10 meses.
O tema são insights semi-controversos do mundo de tecnologia e entramos em algumas pautas neste episódio, como: Remoto x Presencial, o benefício de times generalistas, a falácia da aquisiçao linear de clientes, product market fit e construir em público.
Escute no Spotify, Youtube ou Apple Podcast.
O voo mais alto de um vc
JD Vance, com 8 anos de carreira em Venture Capital, foi indicado por Donald Trump como vice-presidente para a sua candidatura de 2024. Foi fuzileiro naval na guerra do Iraque, advogado e começou a carreira em tecnologia ao trabalhar com Peter Thiel no Mithril Capital, passando depois pelo fundo Revolution antes de abrir seu próprio em 2020, com aportes de Marc Andreesen, Peter Thiel e Eric Schmidt (fundador do Google).
O ponto de virada na carreira de Vance foi o livro "Hillbilly Elegy: A Memoir of a Family and Culture in Crisis", no qual narra sua vida em uma família trabalhadora de ascendência escocesa-irlandesa nos Apalaches. Ele descreve as dificuldades enfrentadas, como pobreza, vícios e instabilidade familiar, além de discutir questões sociais e econômicas que afetam a classe trabalhadora nos EUA, especialmente em regiões rurais e industriais em declínio. Após o sucesso do livro, tornou-se comentarista e envolveu-se em organizações políticas, tornando-se senador por Ohio em 2022.
Por mais que ele não tenha se tornado senador/VP por ser um venture capitalist, esta ascensão reflete a evolução da indústria de tecnologia, que passou de um nicho "cool" para se tornar um dos maiores agentes de impacto na sociedade e economia moderna. Um ponto crucial para o mundo tech será o papel de Vance nas políticas antitruste. A administração Biden tem sido rigorosa com fusões e aquisições do setor. Embora Vance seja pro-tech, suas posições refletem uma visão pragmática, considerando a política antitruste como um estímulo à inovação. Ele afirmou em fevereiro que a líder da Federal Trade Comission (FTC), Lina Khan, está fazendo um ótimo trabalho.
O debate sobre o tema está esquentando à medida que o poder das big techs ameaça a vida de muitas startups. Marc Andreessen e Ben Horowitz, líderes do a16z, principal fundo do mundo, escreveram o "Little Tech Agenda":
"Acreditamos que políticas governamentais ruins são agora a maior ameaça para Little Tech. A supremacia tecnológica americana e o papel crítico das startups para garantir essa supremacia são questões políticas de primeira classe. O tempo de defender a Little Tech chegou.
Nossos esforços políticos como firma focam inteiramente em defender a Little Tech. Não nos envolvemos em lutas políticas fora das questões diretamente relevantes para a Little Tech. Mas lutaremos pela Little Tech – pela liberdade de pesquisar, inventar, criar empregos e construir o futuro – com todos os nossos recursos."
Há muitos aspectos em jogo:
A regulação de inteligência artificial. Biden aponta que regulará o acesso a modelos poderosos, o que aumentará o poder das "big techs", sob o detrimento daqueles que defendem o open source.
Crypto e Blockchain, cujo alguns acreditam ser a única forma de fugir dos grandes agregadores e conglomerados (big tech), enfrentou problemas relevantes na SEC e FDIC nos últimos anos.
Taxação sobre ganhos não realizados é parte do plano de Biden e pode ser uma alavanca de prejuízo a indústria do capital empreendedor, Venture Capital, uma vez que investidores precisam pagar impostos sobre ganhos especulativos.
Essas medidas, por bem ou por mal, arrastaram parte do mundo tech a ser mais atuante em Washington. O medo dos monopólios assusta: Em fevereiro de 2024, JD Vance afirmou que era necessário "quebrar o Google" para garantir integridade no processo eleitoral e reduzir vieses, após acusações de favorecimento à agenda de esquerda. A base dessa afirmação é que estas empresas têm tanta influência perante a população que é perigoso o tamanho que elas estão. Por bem ou por mal, as big techs controlam o fluxo de informação mundial
Sua defesa é que as consolidações em torno de grupos que se beneficiam de grandes ganhos de escala e diferenciais competitivos, como Google e Meta, são prejudiciais à inovação, uma vez que o diferencial é mais atribuído ao valor do ecossistema do que à tecnologia propriamente dita. Imagine agora se as previsões sobre AI estiverem certas e alcançarmos a singularidade - termo que mostra que computadores são mais inteligentes que humanos - empresas poderiam ter um poder que sempre foi do estado.
O mundo da tecnologia está ocupando o espaço de poder, o que é lógico dado que as cinco maiores empresas do mundo são de tecnologia. Existe um meio de caminho muito perigoso entre a alta regulação, como acontece na Europa que acaba por prejudicar a inovação, e a liberdade extrema de mercado, que permite que empresas criem monopólios quase que indestrutíveis até uma mudança tecnológica em um mundo que todos temos duas vidas: a real e a virtual.
Não por coincidência, figuras como Elon Musk, Peter Thiel, Reid Hoffman, os hosts do All In Podcast e Marc Andreessen estão publicando e apoiando políticos dado que a interseção entre os dois mundos nunca foi tão forte. J.D. Vance está na vanguarda desse movimento, e representa um novo capítulo deste mercado. Olhando em retrospecto, após as polêmicas em eleições envolvendo fake news, a influência de algoritmos, deep fake e o debate nas redes sociais em todo o mundo, parece óbvio que tech ganharia espaço.
Este texto não é uma posição política, mas reflete uma realidade de que a tecnologia estará mais no centro do debate. Recentemente, o projeto de regulamentação da inteligência artificial está no senado Brasileiro e acabou sendo pausado devido a críticas contra os entraves ao ambiente de inovação.
Como diz o velho ditado soviético, 'Você pode não se interessar por política, mas a política se interessa por você.'
O futuro do SaaS
Avenir Growth, um fundo americano, publicou um excelente relatório sobre o futuro do SaaS:
https://docsend.com/view/5hk8prddivq54nne
[TL,DR]:
- Fundamentos Deteriorados: A concorrência alta impactou negativamente métricas como "sales efficiency" e "net revenue retention".
- Maturação Rápida: A indústria amadureceu rapidamente graças a COVID, resultando em taxas de crescimento menores hoje (reaching the peak).
- Cortes Superestimados: Não há correlação clara entre cortes e expansão de margens, com investimentos nas mais diferentes areas (como GA e SM ainda elevados.)
- Perspectiva Otimista: O gasto com software é cíclico; mais de 70% acreditam que precisam investir em digitalização .
- Interfaces Conversacionais: Ceticismo se o futuro do software é em plataformas conversacionais. Avenir defende que permaneceremos na mesma interface (Graphic user interface)
- Oportunidades: Empresas de software de alta qualidade que são líderes ainda negociam com desconto em relação a incumbentes como Oracle. Pode haver uma arbitragem e oportunidade.
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