Este artigo é uma opinião pessoal.
Hyperplane se juntou ao Nubank para construir o banco do futuro.
Hyperplane constroi foundational models para finanças a partir do uso extensivo de dados e modelos proprietários. Nos últimos 3 anos, a empresa liderou a inovação nesse segmento.
O artigo de hoje é para enaltecer o trabalho da Hyperplane e compartilhar minha perspectiva sobre por que o Nu realizou um negócio incrível.
Vale ressaltar que sou apenas um investidor orgulhoso da Hyperplane e todos os méritos são desse time incrível, especialmente dos founders, que literalmente suaram sangue e dedicaram suas vidas a esta missão.
Do zero ao Nu
Trabalho com Venture Capital há muitos anos: o time de founders é um dos melhores, senão, o melhor que já vi. Uma combinação rara de hard work e expertise que mantiveram uma barra muito alta de talento no time.
Felipe Lamounier, o CEO, é o responsável por manter a empresa coesa e orquestra todas as áreas com maestria. Seus 3 co-founders são extremamente técnicos: O Daniel e Rohan vem de uma carreira de lideranças em big techs e decidiram empreender no auge de 2021 (imagine o cu$to de oportunidade deles). Para completar o time de Founders, Felipe Meneses, dropout de Stanford e Thiel Fellow que entrega a cabeça mais hacker e jovem para o time. Vale ressaltar que todos eram outsiders, o que derruba um dos dogmas do "founder market fit".
A Hyperplane nasceu com uma missão: Usar Inteligência artificial para melhorar a vida financeira das pessoas. O time, cujo os quatro até então estavam vivendo no USA, viveram o AI antes do hype. Dentro das big techs (Google e Linkedin) eles implementavam AI para tornar as soluções melhores e mais inteligentes, assim como em Stanford, Felipe já trabalhava com GenAI.
A tese da empresa foi: com a tecnologia atual capaz de ler grandes quantidades de dados estruturados e não estruturados, é possível prever o comportamento financeiro das pessoas de maneira única. A Hyperplane reconheceu o potencial de se tornar uma camada de inteligência para instituições financeiras
Um detalhe importante: O nome da Hyperplane era Chico. Já podemos ver a visão no d0:
A visão estava lá.
O timing também era perfeito:
No Brasil, o Open Banking tinha acabado de ser efetivado e os bancos estavam mais abertos a compartilhar dados.
Em termos de tecnologia, era possível analisar dados estruturados e não estruturados em escala e sob um custo acessível.
A oportunidade era que ninguém estava utilizando AI de forma profunda, especialmente em dados não estruturados.
O primeiro nicho de ataque da empresa foram as fintechs, mas havia um problema: nem era a maior oportunidade de receita nem este perfil detinha dados suficientes para treinar o modelo em escala.
Daí veio o movimento de coragem. Optaram pelo caminho difícil e com maior potencial: focar nos grandes bancos. Eles atuavam quase como consultores, analisando, devolvendo dados, gerando valor através de POCs e contratos. Trabalhar com grandes clientes serviu como um grande push: a exigência era muito alta, o que aumentou a qualidade e capacidade de deployar em escala. Isso ocasionou a criação de uma plataforma e o produto evoluiu num ritmo insano, junto da modelo.
A tese estava sendo criada, até que um dos seus clientes, por sinal aquele que todos admiravam, enxergou o potencial da Hyper.
Do 1 ao Nu
Nubank é uma empresa geracional, assim como David Velez é o principal CEO desta geração. A história dos bancos digitais em países emergentes pode ser resumida pela curva S abaixo:
Na primeira fase, o crescimento é rei. As fintechs precisam adquirir clientes através de um produto diferenciado alavancado por uma arbitragem de CAC, capital para crescimento e tecnologia. É o "right to play".
Na segunda fase, a receita é rei. As fintechs precisam monetizar sua grande base de clientes oferecendo crédito, taxas de cartão, seguros, investimentos e outros tipos de produtos. É o "right to win".
Em maio de 2024, Nu alcançou 100 milhões de clientes, sendo 92MM no Brasil. Dado que estamos falando de uns 50% de market share da população alcançável, pode se dizer que estamos na fase de "desaceleração da curva S" e graduação da fase 1 (no Brasil). E neste momento, o jogo de destravar o LTV apenas começou.
Até por isso, desde 2023 o Nubank anunciou: operadora telefônica, parceria com a wise para cartões internacionais, ETFs, NuConsignado e por aí vai..
Em 2 anos, o número de clientes cresceu 1.7x, enquanto que a receita 3.1x, provando a tese do LTV.
Para continuar a destravar a tese do LTV, vem AI.
A oportunidade de Inteligência Artificial do Nu
AI é uma oportunidade geracional que impactará o Nu em três dimensões que se retroalimentam:
Potencial de receita ao promover novos produtos.
Redução do cost to serve.
Melhora da experiência do usuário.
Quase como um mantra, o time repete que os últimos 10 anos foram sobre colocar um banco no bolso das pessoas e os próximos 10 serão sobre colocar um personal banker no bolso.
O desafio de um personal bank mostra as três dimensões acima:
Conhecimento do comportamento dos clientes: Utilizando modelos preditivos, o Nu pode oferecer o produto certo no momento certo. Por exemplo, se minha renda for de R$30.000 por mês, faz mais sentido oferecer produtos de viagens internacionais; se for de R$5.000, faz mais sentido oferecer crédito rotativo. Isso reforça a tese do LTV discutida anteriormente.
Redução de custos para servir: O diferencial dos bancos digitais foi oferecer produtos de qualidade semelhante a um custo muito menor através da tecnologia. Na era dos personal bankers, o custo marginal para servir bem a um novo cliente será menor do que o crescimento através do aumento de funcionários. Esse ganho de eficiência começa de forma evidente no atendimento e customer success.
Maior satisfação de uso: O NPS do Nubank é 87, enquanto a média dos bancos é 24. Soluções com IA podem aumentar a qualidade do produto através de ofertas personalizadas.
Nu está no lugar certo e na hora certa, mais uma vez.
Assim como em 2012/2014, os "incumbentes" demoraram o para mudar a estratégia para o digital, em 2024 eles sofrem como usar AI. Existe um sweet spot muito específico.
De um lado, muitas fintechs da última geração não possuem uma grande base de clientes, então seu impacto é pequeno, mesmo com a adição de produtos inovadores como AI. Para competir de verdade, ainda precisam sair da fase 1 ("CAC é rei"). É o mundo do consumo e escala importa.
Do outro lado, estão as empresas legadas com uma enorme base de clientes, mas historicamente têm dificuldades em desenvolver produtos inovadores.
No meio, estão aquelas que têm tempo suficiente no mercado para construir uma base sólida de clientes, mas ainda mantêm um DNA jovem e inovador para criar produtos excepcionais. Algimas empresas estão neste sweet spot.
O Nubank é a principal uma delas. Sua base de 100 milhões de usuários combinada com um NPS de 87 é uma prova da qualidade contínua em desenvolver bons produtos.
Idealizar é uma coisa, executar é outra: agora vem o deal.
O hyperfuture
A Hyperplane desenvolve modelos fundacionais de finanças, o que significa que são proprietários de seus próprios modelos, ao contrário de empacotarem ChatGPT ou Anthropic. A empresa possui um modelo exclusivo, o Mandelbrot, para análise de dados dos clientes, incluindo modelos de renda, crédito e churn.
A Hyperplane cria modelos de comportamento a partir de dados estruturados e não estruturados.
Bancos já utilizam modelos de machine learning para trabalhar com dados estruturados. A inovação da Hyperplane é construir modelos fundacionais focados em comportamento financeiro, e isto permite que o banco treine muito mais modelos com muito menos custos usando tanto dados estruturados quanto não estruturados.
A tecnologia 'generally capable' da Hyperplane funciona em diferentes setores e exigências, servindo como input para diversas áreas e casos de uso.
Agora vocês entendem o poder? Nu adicionou uma camada de inteligência que gerará, quando executado em escala, uma vantagem competitiva significativa em relação aos competidores. O que o edge de ser um "banco digital e mobile" foi em 2014-2018, ser um AI banking poderá ser para os próximos anos. Ele será executado across the board.
Se olharmos, de novo no deck do pre-seed da Hyper, vemos o alinhamento perfeito entre a visão deles e do Nubank:
É a união perfeita para o banco do futuro. E como David Velez escreveu na carta de 10 anos:
Our journey is truly in the first minute of the first half of the game, and we are energized!
Parabéns aos fundadores, ao time incrível da Hyperplane, ao Nubank e aos investidores como Atman Capital, Norte e Latitud.
Now it's time for the AI, ops, the Purple revolution.
Referências:
Nu Videocast Investor Relations | Artificial Intelligence at Nu
David Velez: How AI Changes The Future of Finance | 20VC
https://hyperplane.ai/
Ramp and the AI Opportunity - Not Boring