Loucos ou visionários? O grande dilema do Venture Capital
Adam Neumann e a maior rodada pre-seed da história
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Adam Neumann.
a16z.
300 milhões de dólares.
Num pre-seed.
O fundador do WeWork capta um round de US$ 300 milhões de dólares para sua startup em pré-lançamento. O round foi liderado pelo principal fundo de Venture Capital do mundo, a16z.
Provavelmente você ouviu falar sobre o WeCrashed, a série sobre o declínio do WeWork.
Ela exibe, ao longo de 8 episódios, um empreendedor o tanto quanto contraditório. Adam Neumann aparenta estar em um espectro entre a insanidade mental e um líder visionário que aparece uma vez a cada 10 anos.
O lado visionário acabou ofuscado pelas cenas de gestão irresponsável, nos momentos em que iludiu e não cumpriu a palavra com funcionários ou na falta de conexão com a realidade que beiravam a desonestidade com acionistas.
Adam foi desmoralizado publicamente.
E sua empresa, o WeWork derreteu de valor de mercado nos últimos anos. Ao total, captou US$ 21 bilhões em equity e dívida, e hoje vale ~US$ 4 bilhões. Talvez a maior queima de valor da história do Venture Capital.
Ainda assim, para sua nova startup, a Flow, ele recebeu o maior aporte pre-seed da história do principal investidor do mundo.
Como Adam conseguiu levantar a maior rodada da história?
A minha interpretação é que Adam Neumann não captou essa nova rodada porque é empreendedor serial… ou porque o mercado é grande… ou porque pode ter ótimos unit economics, ou por qualquer outro motivo racional.
Ele levantou pois deve ser uma das pessoas mais impressionantes do mundo, que persuadiu Marc Andressen, que é um dos investidores mais renomados, poderosos e experientes do Vale do Silício. Persuadiu não pelo charme, mas por Marc acreditar que Adam é possivelmente o empreendedor mais preparado para construir a maior empresa de real estate do mundo após tudo que ele viveu.
Ponto.
Não adianta enumerar uma série de argumentos racionais. Para investidores de VC, a percepção que estamos possivelmente diante de um líder ou uma líder de uma empresa geracional pode bastar.
Dito isso, a razão por trás de investimentos são um tanto quanto emocionais
Nesse caso emblemático de Adam, há variáveis úteis para reflexão:
A história de Adam nos aponta que o "sonho grande” é obrigação para fundraising.
O sonho do WeWork era ser o "We", uma comunidade online e offline de pessoas. Bullshit ou não, esse sonho é muito mais atrativo para investidores do que “outras startups de co-working".
Sua nova startup tem como lema Revolucionar a moradia. Pensar (muito) grande é obrigatório para captar com Venture Capital.
Tanto o WeWork quanto o Flow lidam com problemas estruturais e mercados em expansão.
Flexibilidade e a descentralização da posse de imóveis são parte relevante da sociedade moderna. São problemas mal-resolvidos, cuja expansão de mercado vai continuar a acontecer por décadas e novos entrantes que construirem soluções terão muito valor.
a16z tem "huge balls".
VCs são tomadores de risco financeiro, mas raramente correm risco “sociais” ou “reputacionais”. a16z mostrou que não está nem aí para opinião de terceiros e se mostrou, acima de tudo, independente intelectualmente e emocionalmente para investir em um deal controverso. Vale ressaltar que a16z tem um dos melhores track records do VC (Airbnb, Stripe, Facebook, etc).
Recessão só para alguns.
O jogo que Adam está não é o mesmo da maior parte dos empreendedores. A nova realidade das startups, de fato, não se aplica a ele.
Ressalto que não estou fazendo juizo de valor sobre esse investimento. Bem ou mal, Adam Neumann revolucionou o real estate corporativo e deve ser, ainda melhor nessa nova jornada.
Comecei esse artigo pensando sobre o porquê dessa captação, com esse montante e timing. A grande eureka foi o momento que aceitei que a irracionalidade é parte relevante do nosso trabalho como Venture Capital.
Até porque todo visionário tem um pouco de louco. E todo louco é um pouco visionário.
WeBack.
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