Insights após 10 dias conversando sobre o mercado LatAm nos Estados Unidos.
Reflexões práticas, cruas e diretas.
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Nada como expandir seus horizontes.
Na semana passada, retornei de viagem. Foram 10 dias em Nova York e Califórnia sob uma agenda profissional.
Meus objetivos eram:
Discutir o ecossistema LatAm de tecnologia com fundos globais.
Ter uma agenda de bizdev para Astella (relacionamento com outros fundos).
Aprender com investidores sobre a realidade deles no mercado líder do mundo ("hone my craft").
Participar da conferência Brazil at Silicon Valley.
Conversei com mais de 17 fundos globais (early e late stage) que têm interesse e investimentos em empresas de tecnologia na América Latina. Graças ao BSV e seus side-events, pude fazer catch-up em escala com os principais stakeholders do mercado brasileiro.
Retorno com a sensação que meu pulso de mercado está afiado e quero compartilhar pensamentos “crus” e diretos sobre as reflexões desta viagem.
Alguns fatos são mind-blowing e outros não. Meu objetivo é que te gere boas reflexões.
Faço o disclaimer que este artigo é pessoal. Ele não reflete necessariamente opiniões da instituição que trabalho e está carregado dos meus vieses e das pessoas que me encontrei.
Vamos às reflexões:
Sharp
Uma das maiores lições da viagem é o quão sharp (“afiados") são os investidores americanos/globais. As apresentações pessoais e sobre o fundo eram impecáveis. Senti que eles estão à frente sobre storytelling, comunicação assertiva e capacidade de avaliação inicial de oportunidades.
Em 17 reuniões, nenhuma atrasou sequer um minuto e o tempo agendado era exatamente o da reunião, além de ser mais objetiva e direta. A cultura é muito diferente da latina e me traz a sensação de que eles estão sempre no controle da situação.
LatAm
A região enfrenta uma desconfiança e os investidores estão reduzindo muito o pace de investimento. Muitos tiveram exposição alta na região nos últimos 3 anos e estão esperando o desenrolar destes investimentos antes de se expor mais.
Há o sentimento que o custo de oportunidade ainda não está valendo a pena. Valuations das startups mais "hot" são semelhantes, das perspectivas dos fundos, ao do USA. Só que o mercado é menor dado a pobreza da região. (Por exemplo, PIB BR é ~13x menor do que o dos Estados Unidos).
Tamanho do mercado é uma variável que surgiu nas conversas por consecutivas vezes. Há um receio de que uma parcela relevante dos business na região não tenham mercado suficiente para atrair investidores late-stage e potencialmente abrir capital. Ouvi duas vezes que: “I don’t want to be the last investor on a company”. Se você é founder, buscaria agregar no pitch mais profundidade sobre o "tamanho da oportunidade" em termos de mercado ao conversar com investidores internacionais.
AI está dominando as conversas sobre futuro e isto gera uma redução do foco dos times de investimento em oportunidades na LatAm. Os fundos globais tem priorizado o tempo do time em investir nas principais startups surgindo no espaço de AI.
Climate, climate, climate: Este é o setor que tem animado muito investidores globais no Brasil, graças a nossa biodiversidade. Como disse Alex Laplaza no BSV, partner da Lowercarbon, Climate é muito mais do que crédito de carbono e espera que uma nova safra de empresas promissoras nasça na região.
De forma geral, fintech ainda é o setor que os investidores internacionais mais gostam de olhar na LatAm. A beleza de fintech é que capital é o item mais escalável do mundo (ao lado da mídia) e que os incumbentes da região tem um market share muito elevado. ( o que comprova o tamanho da oportunidade).
A barra está muito alta: os principais fundos que lideram só se veem investindo no momento em oportunidades na qual os founders são world-class, em business com métricas best-in-class e o mercado for muito grande.
Há uma preocupação com o risco político e econômico da região como um todo.
Por mais que haja uma desconfiança sobre LatAm, há alguns fundos muito comitados na região que estão construindo ou aumentando o time local para aproveitar este novo momento de mercado.
Brazil at Silicon Valley
Foi o melhor evento de tecnologia sobre Brasil que já estive.
O conteúdo é especial e único, mas na minha humilde opinião o network é a grande beleza do evento. É possível estar up-to-date com vários dos principais fundos e founders do mercado brasileiro. É produtivo pois de certa forma é um catch up em escala aliado com conversas com outros membros do ecossistema que você não conhece.
O fato de estar na Califórnia deixa, em geral, todo mundo sob guarda mais baixa. As conversas são boas e mais leves.
Quero parabenizar a organização pelo trabalho incrível e agradecer pelo convite. Superou as minhas altas expectativas.
Tendências Investimentos:
AI realmente is the thing. Ouvi tanto da perspectiva de investimento (SF is booming!), mas muito também da perspectiva de portfólio. Investidores estão pressionando investidas para entender como eles estão usando GenAI para aumentar eficiência, diminuir custo e melhorar seu produto. Segundo eles, é uma loucura que um time de Devs ainda não esteja usando ferramentas de GenAI como Co-pilot do GitHub.
Ouvi de alguém no BSV (não me recordo a fonte) uma frase que permaneceu nos meus pensamentos: estamos superestimando o que acontecerá em 2 anos em AI, mas estamos com certeza subestimando o que acontecerá em 10 anos.
No vale, term-sheets are flying. Muitas empresas de AI estão levantando sob valuations altíssimos.
Move It earlier! Percepção de fundos de que o espaço mais interessante agora está no “idea stage”, comparado ao early stage que levantou rodadas overpriced nos últimos 2 anos.
Estes foram alguns dos insights da viagem. Se considerou valioso, compartilha com seu time, investidores, sócios ou em um grupo de pessoas interessadas em startups.
Para ilustrar o texto, segue algumas fotos algumas fotos desta viagem: