Copilotos para tudo.
Como a inteligência artificial redefinirá o trabalho.
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Mais cedo do que as pessoas esperam, veremos transformações fundamentais na forma como trabalhamos graças a A.I.. Softwares que pensam, aprendem e trazem recomendações, vão fazer mais e mais do trabalho que hoje nós fazemos.
Nos próximos 5 anos, programas de computador irão interpretar documentos jurídicos e fornecer diagnósticos médicos. Nos próximos 10 anos, eles irão se conectar com hardwares para carros autônomos funcionarem em escala, performarem cirurgias e tomarem decisões autônomas de investimento. Em algumas décadas, eles farão praticamente tudo, inclusive descobertas científicas que nos farão expandir o conceito de “tudo”.
Esta revolução tecnológica é imparável.
A primeira revolução da A.I. no universo do trabalho será o uso da tecnologia como copiloto para ajudar trabalhadores a executarem tarefas complexas.
O objetivo do copiloto é fazer com que o piloto seja melhor, e assim, garantir um melhor resultado final, seja através de melhor acurácia, produtividade ou nível de qualidade.
Um dos motivos que me fazem acreditar nesta tese é a aceitação cultural: o fato de que nós seres humanos gastamos a maior parte da nossa vida no trabalho faz com que convites para fazer mais com menos sejam irrecusáveis. Até por isso o ChatGPT alcançou a marca histórica de 1 milhão de usuaários em 5 dias e 100 milhões de usuários em menos de 2 meses.
Copilotos são inevitáveis.
Este modelo de ajuda funcionará como uma feature que agregará ao produto de plataforma padrão (workflow, crm, excel, etc) a inteligência. A popularizaração do uso de LLMs expandirá o JBTD do maior parte dos SaaS, que agora além de ajudar no processo, ajudará na decisão.
Por exemplo, um sistema ATS (Applicant Tracking System) ajuda no recrutamento de pessoas para empresas. No passado, o pitch das empresas de ATS era: “use o ATS X, que aqui você terá um processo mais organizado, eficiente e com melhor experiência do recrutador e do candidato". Em no máximo 2 anos, o pitch será outro: “use o ATS Y, porque aqui, além do workflow que torna o seu processo melhor, teremos um sistema de A.I. que identificará os melhores candidatos para a sua vaga baseado na sua cultura e no que você busca em termos de soft e hard skills". A Gupy, Kenoby, Worc ou Solides do futuro, será acima de tudo um “Copiloto” do Recrutador.
O requisito básico para qualquer empresa que se aventurará como “copiloto” de uma profissão é a acurácia do outcome. Um “copiloto” do médico que diagnostica errado não tem valor, assim como um sistema que não faz a transcrição correta de uma conversa.
Microsoft e Copiloto.
Microsoft inovou com o produto GitHub Copilot anos atrás:
O programa ajuda os desenvolvedores a codificar mais rápido e melhor usando A.I.
Uma pesquisa quantitativa do GitHub prova o seu benefício:
Github recrutou 95 desenvolvedores e os dividiu aleatoriamente em dois grupos com uma tarefa: escrever um servidor web em JavaScript.
O primeiro grupo utilizou GitHub CoPilot. 78% finalizaram a tarefa. O tempo médio foi de 1 hora e 11 minutos.
O segundo não o utilizou. 70% finalizaram a tarefa. O tempo médio foi de 2 horas e 41 minutos.
Nesta versão, que vai evoluir muito, os desenvolvedores que usaram GitHub Copilot completaram a tarefa significativamente mais rápido: ~55% mais rápido do que aqueles que não o fizeram. É impressionante. Imagine uma equipe de desenvolvedores que, para tarefas médias, é 2 vezes mais produtiva.
O GitHub foi apenas o primeiro. Na Microsoft Build 2023, a empresa anunciou:
Windows Co-Pilot: O sistema multi-conversacional no qual qualquer usuário terá um assistente virtual empoderado por A.I. para ajudar na execução de tarefas.
Diversos Co-Pilots: Kevin Scott, CTO da Microsoft, anunciou que a empresa lancará diversos tipos de assistente, desde focados em segurança até produtividade.
Conceito de plataforma: O evento foi um grande convite para desenvolvedores lançarem produtos de “co-pilot” a fim de se integrarem na empresa e na sua “app store”.
Nova geração de startups
Quando entrei em VC em 2017, recebi muitos decks de startups com o pitch: “Sou o "Uber" de X mercado”.
A partir do sucesso do Uber em conectar dois lados, surgiram inúmeros marketplaces tentando replicar o modelo de negócios em mercados análogos. Uber for X foi a base de tantos produtos que virou até coleção no product hunt.
A minha previsão é de que o “Uber for X”, será o "Copilot for Y” nos próximos ciclos. Veremos o surgimento de players construindo a figura do copiloto nos mais diferentes segmentos. Greg Brockman, co-founder da OpenAI, disse recentemente na Build, evento da Microsoft:
A tecnologia de LLMs, claramente, está ficando melhor a cada dia. O que cada desenvolvedor deveria estar considerando, que é muito dificil para nós (OpenAI e Microsoft), é ir para dominios especificos e entender como fazer a tecnologia realmente funcionar lá. Existe uma tonelada de valor a ser adicionado nos casos específicos.
Conclusão
Algumas implicações desta crescente tendência de se ter copilotos de Inteligência Artificial:
Aumento da produtividade: Conseguiremos realizar mais tarefas com menos esforço.
Commoditização: Os profissionais de conhecimento (Knowledge Workers) podem se tornar mais commoditizados, à medida que a IA assuma parte significativa de suas tarefas.
Inovação: O "System of Intelligence" se posicionará como o estrato mais crucial de qualquer software.
Transformações no sistema educacional: Será necessário um deslocamento no foco da educação, valorizando o pensamento crítico, a criatividade e as habilidades socioemocionais.
Concentração de poder: A disparidade entre empresas, indivíduos e países que possuem acesso a IA como copilotos, em contraste com os que não possuem, será gigante. Se mal gerida, essa situação pode acarretar um aumento na desigualdade.
Obrigado Ed (The AI Maze) pelas ótimas conversas que geraram estas reflexões.
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Este post fez parte do Sunday Drops #75.
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