Em 2024, um dos meus objetivos é repassar conhecimento diretamente da fonte.
A Abreu Newsletter é um canal de mensagens, pensamentos e reflexões que visam tornar o ecossistema empreendedor brasileiro mais sagaz, visionário e antenado. É muito mais do que pensamentos de Lucas Abreu.
Meu plano é convidar para colaborar mais empreendedores, pensadores e curiosos que estejam imersos em inovação, liderança e na construção de startups.
É com muita honra que lanço o "Connections", a nova série da Abreu Newsletter que busca conhecimento direto da fonte. Minha inspiração de formato é a série "Brainstrust", de Mario Gabrielli, uma das minhas referências em newsletter.
A primeira edição é o Silicon Valley Connections. Convidei 3 brasileiros vivem ou passam um bom tempo no Vale do Silício para contribuírem com insights sobre algo que estão observando e acreditam ser transformador.
Fiz uma simples pergunta:
O que mais te surpreendeu recentemente em termos de uma tecnologia específica?
Edmar Ferreira, diretamente das suas aventuras no Vale, nos trouxe uma perspectiva de que estamos nos aproximando da ficção científica: os robôs estão chegando.
Artur Negrão, diretamente do Y Combinator, relata que existe uma nova onda de startups SaaS powered by AI que estão oxigenando o ecossistema da inovação.
Bruno Koba, diretamente de Stanford, nos informa que há uma batalha sobre como pesquisamos na internet e comenta sobre a revolução dos agentes AI.
Antes de avançarmos, se você considera esta newsletter te agrega conhecimento, compartilhe.
Os robôs estão chegando
Os avanços recentes em AI fizeram com que os LLMs (Large Language Models) se tornassem protagonistas de uma explosão de novas startups e de produtos de incumbentes. Muitas expectativas em relação a ganhos de produtividade impulsionam esse crescimento. O que a maioria das pessoas não esperava é que a AI viria primeiro para os empregos de programadores, designers e advogados. Dito isso, parece que AI dominará primeiro os empregos de escritório e, posteriormente, os empregos físicos. Teremos um "AI personal assistant" antes de "AI personal Butler".
No entanto, a mesma tecnologia que impulsiona os LLMs também está mostrando sinais de progresso na robótica. Programar robôs é difícil; requer muita experiência, e mesmo o uso de machine learning torna desafiador fazê-los realizar muitas tarefas que os humanos fazem diariamente. Daí que vem os LLMs: eles estão facilitando o treinamento e controle de robôs, como demonstram pesquisas dos principais laboratórios, como Deep Mind e NVIDIA. Os LLMs podem ser utilizados de várias maneiras com os robôs, por exemplo, no planejamento de tarefas, codificação de funções de recompensa, colaboração humana e, quando combinados com visão computacional, na descrição de cenas e objetos. Isto tem tornado a evolução exponencial do segmento.
Uma nova leva de empresas está apostando nessas inovações para trazer robôs humanoides para fábricas e residências. Os robôs humanoides têm sido ficção científica por muito tempo, e a maioria das tentativas anteriores resultou em uma série de falhas. Esse cenário está mudando rapidamente. A Tesla ganhou destaque com seu robô humanoide Optimus, mas não está sozinha. Empresas como Figure (que acabou de fechar um contrato para usar seus robôs nas fábricas da BMW), 1X (apoiada pela OpenAI com um investimento de 125 milhões), Apptronik, Agility Robotics e Sanctuary estão liderando o caminho ao trazer a IA para o mundo físico. Eu espero que isso se torne uma das tendências mais importantes nos próximos 5-10 anos.
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A nova era do SaaS
Antes de chegar no Y Combinator, eu já tinha essa noção: o mundo do SaaS está se transformando. O que a gente mais vê neste momento são soluções verticais e horizontais, que dominam o cenário. São teses que acredito muito, especialmente para Latam. Parece que não sobra muito espaço para soluções super nichadas, já que tem SaaS pra praticamente tudo hoje em dia.
Mas tem uma área que ainda está no começo e tem ar de SaaS puro: as startups de AI. Olhando para o último bath da YC, é notável como muitas delas estão mergulhando de cabeça no SaaS, mas com um toque especial de inteligência artificial. Elas não usam essa narrativa, mas é o que fazem: AI pra CX, AI para outbound de vendas, e por aí vai. Isso meio que me lembra dos primórdios dos anos 2000, quando SaaS era a grande novidade. Mas agora, a novidade é o “AI-powered”.
É o mundo sendo cíclico como ele sempre foi, mas dessa vez, numa lógica de reinvenção de um modelo de negócio que já nem era tão antigo assim. No entanto, me deixa curioso sobre quão rápido vamos entrar na próxima fase, principalmente porque as empresas já consolidadas de SaaS Vertical e Horizontal, que seriam o próximo passos dessas startups da YC, já estão incorporando elementos de AI.
É uma mistura interessante, um equilíbrio entre o familiar e o novo. É o SaaS puro de volta, com todos os nichos do mundo para atacar. As empresas de AI no cenário atual do SaaS estão trazendo uma nova dinâmica, algo que renova o interesse e a excitação pelo que está por vir. Mas deixam aquele ar de animação de assistir uma evolução em tempo real, onde o passado e o futuro se encontram para criar algo totalmente único.
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A disrupção do Search e os Agentes AI
Há duas grandes fronteiras sendo desenvolvidas em AI que eu considero muito promissoras.
A primeira é a disrupção do mercado de search, dominado há décadas pelo Google. Startups como a Perplexity (que anunciou um Series B de $73M há menos de um mês) estão colocando em cheque a sustentabilidade do modelo de receita de search ads. Do ponto de vista do usuário, o fluxo tradicional de: (i) digitar uma pergunta (ii) receber uma lista de páginas na web para acessar, e (iii) procurar uma resposta nessas páginas vai parecer tão obsoleto em alguns anos como navegar pelos web portals (AOL, Yahoo!) no início dos anos 2000. Arc Search, desenvolvida pela The Browser Company, é o mais novo challenger nesse espaço. Em 2024, consigo imaginar essas ferramentas começando a mudar hábitos de usuários ao redor do mundo. Isso traz novas discussões importantes: como empresas vão posicionar seus produtos em um mercado sem leilão de clicks? Como o Google vai reagir para defender seu business mais importante?
A segunda é o avanço em AI Agents, ao meu ver, uma evolução natural dos LLMs que já se popularizaram ao redor do mundo. O Rabbit R1, um dispositivo que promete ser um assistente pessoal de bolso, foi o lançamento mais comentado da CES em Vegas esse ano. O fato de ser um hardware novo permite à Rabbit programar integrações com aplicativos de forma mais baixo-nível do que agentes que são ensinados a navegar páginas na web. Embora tenho dúvidas quanto à adoção em massa de um device separado, estou bastante animado para ver como agentes software-based solucionam o problema de autenticação e conectividade com aplicações na web para começar a executar tarefas pelos usuários com maior fidelidade. Startups como MultiOn estão começando a treinar agentes usando frameworks proprietários e devem trazer avanços importantes nos próximos meses.
Obrigado a todos, especialmente ao Ed, Artur e Bruno.
Desejo um ótimo carnaval a todos, nos vemos no dia 18 de fevereiro.
Até!
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