Vivemos uma das maiores mudanças da sociedade - a transformação do papel da mídia. Esta inflexão é o tema do sunday drops 109. Se você gostar da edição, compartilhe:
Antes de avançarmos para o artigo, queria anunciar algo especial.
Caju & Sunday Drops
Hoje é um dia feliz pois os astros se alinharam.
Essa sapeca abaixo é Caju, meu cachorro.
Caju por causa de Aracaju, a minha cidade. Esse nome me dá sorte porque agora outro Caju ganhou importância na minha vida:
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A Mídia está morta. Vida longa a Mídia!
Sunday Drops não é um blog político. O post de hoje é sobre a evolução da internet e como ela afeta a sociedade, inclusive em pautas políticas.
O presidente Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Pablo Marçal recebeu 28% dos votos válidos da maior cidade do Brasil. Ambos enfrentaram críticas severas e são “personas non gratas” na mídia tradicional. Mesmo diante desse cenário, ambos tiveram sucesso. O insight é nítido: a mídia tradicional perdeu a sua capacidade de controlar narrativas e ditar a opinião popular. Isto é reflexo do impacto da internet e das redes sociais, que afeta todas as esferas da sociedade, inclusive a política.
No passado, a mídia era o 'gatekeeper' da informação. Mas como em qualquer mercado, a concorrência diluiu a influência. O público já não se limita aos "gatekeepers" tradicionais – os jornais e canais de TV que antes escolhiam o que era relevante. Eles agora competem com uma força muito mais distribuída: as redes sociais e os próprios cidadãos, transformados em jornalistas amadores.
Do Gatekeeper ao Consumidor: Quem gera a demanda captura o valor.
Como Ben Thompson explora em sua teoria da agregação, a internet inverteu o fluxo de poder no consumo de informação: o poder agora está com quem consegue capturar a atenção do público, e não mais com quem controla a distribuição de conteúdo. A mídia tradicional funcionava como "gatekeeper", decidindo o que era relevante e transmitindo-o ao público. Hoje, essa função está nas mãos de plataformas que agregam grandes audiências, como Meta e TikTok, e influenciam o que cada usuário vê através de algoritmos e dos criadores que conseguem se conectar com essas audiências.
Nesse cenário, o conteúdo em si se tornou uma commodity — ele é abundante e acessível em todos os lugares. O valor está em quem melhor entende a demanda do público e usa essa atenção para monetizar, seja por anúncios, assinaturas, ou até ter sucesso em campanhas políticas. A chave está em dominar o algoritmo e capturar a atenção contínua das pessoas, o que transforma cada visualização em potencial receita. Quem gera a demanda captura o valor.
Antes, a escassez era norma: uma pessoa podia ouvir um número limitado de músicas ou assistir a um número reduzido de filmes. O poder estava nas mãos de locadoras, rádios, canais de TV e jornais. Hoje, a abundância é a norma. Plataformas como Netflix, Spotify, YouTube e Facebook criaram um cenário onde o conteúdo está disponível em uma escala sem precedentes.
Assim como o controle saiu das locadoras para plataformas como Netflix, o gatekeeping da mídia migrou para redes sociais como Instagram e TikTok. Por exemplo, hoje, mais de 20% dos americanos leem informações pelo instagram.
A consequência não é apenas a democratização da produção, mas uma redefinição do papel do jornalismo: Elon Musk, ao chamar os usuários de "citizen journalists", toca em um ponto importante - cada usuário é um produtor de conteúdo e, portanto, um canal de mídia online. Seja positivo ou não, o “jornalismo” está nessas redes. Porém, essa mudança é acompanhada de riscos. O compromisso com a ética e a veracidade, um pilar do jornalismo, fica em segundo plano quando qualquer um tem o potencial de se tornar um canal de transmissão.
O que era controlado e distribuído se torna massificado.
Essa transformação se aplica também à política. A narrativa de Trump, por exemplo, não é mais controlada pelos jornais ou pelas emissoras de TV. Ela é disseminada em podcasts ou fragmentos, através de posts, cortes de vídeos e memes nas redes sociais, atingindo públicos específicos e usando os algoritmos para amplificar o que engaja. No final das contas, o sucesso político é correlato com a capacidade de dominar a máquina do algoritmo.
Existem diferentes táticas para alcançar relevância nesse novo mundo digital. Uma de muito sucesso é a presença massiva: A ideia é inundar as redes, seja TikTok, podcasts, YouTube, Reels e ver o que engaja. Dois exemplos que ilustram como o jogo é diferente:
O Caso do Esquilo Peanut: Uma Lição sobre Engajamento nas Redes
Um exemplo quase caricatural desse fenômeno ocorreu durante a eleição americana com a história de Peanut, um esquilo que, de forma inesperada, dominou as discussões nas redes sociais, superando até temas políticos complexos.
Peanut foi resgatado por Mark Longo, que o encontrou machucado na estrada depois de um acidente que matou a mãe do esquilo. Apesar de ter sido liberado na natureza, Peanut voltou à casa de Mark, já sem parte do rabo, sugerindo que ele não conseguiria se readaptar a vida selvagem. Mark, então, o adotou, e Peanut rapidamente se tornou uma estrela das redes sociais, acumulando mais de 700 mil seguidores.
A situação tomou um rumo dramático quando um vizinho denunciou Mark por maus- tratos a animais, levando agentes a confiscar Peanut, que após morder um agente, foi sacrificado para testes de raiva. O caso repercutiu: Elon Musk comentou várias vezes sobre o assunto no Twitter, e políticos como JD Vance utilizaram o episódio em discursos, transformando o esquilo em um símbolo para seguidores de Trump, que acusaram o governo de abuso de poder.
A narrativa em torno de Peanut ilustra bem a lógica das redes sociais: temas inesperados, quando estrategicamente amplificados, podem capturar a atenção pública e moldar o debate. Mesmo uma história de um esquilo pode ter mais engajamento que debates políticos ou econômicos, demonstrando o poder dos algoritmos na amplificação de assuntos aparentemente triviais e a capacidade de mobilizar massas em torno de narrativas cativantes.
De uma forma simplista, o engajamento é uma distribuição de lei da potência: joga-se luz sob diversos temas e amplifica-se aquele que o publico se engaja.
Pablo Marçal e Cortes
No período da candidatura de Pablo Marçal nas prefeituras, ele dominava os algoritmos com seus cortes. Como ele fazia isso? Pesquise Cortes Marçal no TikTok e perceba a quantidade de canais que reproduzem os conteúdos dele. Ele inclusive paga as pessoas para fazerem isso. Isso gera a multiplicação de conteúdo na internet.
Essa estratégia mostra, mais uma vez, que a busca pela abundância de conteúdo na internet é uma importante forma de estar sob a atenção. A lógica da abundância, no caso de Marçal de cortes, explica o crescimento de relevância de um candidato sem tempo de televisão.
Mídias Alternativas: O Novo Centro do Debate Político
O crescimento das mídias alternativas não é uma tendência passageira. Quando Trump apareceu no podcast de Joe Rogan, por exemplo, a entrevista teve mais de 47 milhões de visualizações em treze dias, números e repercussões muito superiores a participação da Kamala Harris no Call Her Daddy, Oprah ou 60 minutes. A recusa da democrata em participar do podcast de Rogan, com exigências de limitar a entrevista a 1 hora e não ir a Austin - sede do podcast, foi um erro estratégico.
Ser muito pior em um canal - podcasting long form - custou caro para Kamala, afinal dominar um canal é uma vantagem competitiva.
Como escreveu Scott Galloway no “The Podcast Election”:
Novas formas de mídia periodicamente remodelam nossa cultura e política. FDR dominou o rádio, JFK aproveitou a TV e Reagan se destacou nas notícias a cabo. Obama energizou os jovens eleitores pela internet. Trump capturou a atenção do mundo no Twitter. Este ano, foi o podcasting. Os três maiores eventos midiáticos deste outono foram o debate e as aparições de Harris e Trump nos podcasts Call Her Daddy e The Joe Rogan Experience.
Quase metade dos americanos adultos, 136 milhões de pessoas, ouvem pelo menos um podcast por mês. A audiência global agora é de 505 milhões, um quarto do alcance da internet. Quando Trump participou dos podcasts de Joe Rogan, Lex Fridman e This Past Weekend com Theo Von, ele estava abraçando a “manosfera” e aproveitando uma mudança tectônica na mídia: a maneira mais eficiente de alcançar o maior e mais persuadível público (ou seja, jovens homens) é através de podcasts. Nada chega perto disso.
Troque o nome Trump e Podcast por Pablo Marçal e Shorts. Esse argumento continua válido. Domine uma nova mídia, ou gatekeeper, e sua relevância vem.
O Futuro da Mídia e da Política: A Revolução Está Apenas Começando
Em 2024, não podemos mais falar da mídia tradicional como a conhecíamos. A mídia "morreu", mas isso não significa o fim da influência. Significa apenas que o poder foi transferido. Para os consumidores. Para as plataformas. Para quem entende como dominar os algoritmos. Trump e outros políticos entenderam isso. O futuro da política não será mais determinado por quem controla o tempo de TV ou os artigos de jornal. Será determinado por quem sabe se engajar, criar e amplificar conteúdo no mundo digital.
O outro lado da história é que a abundância de informação distrai mais do que realmente informa. E dito isso, haverá um contrapeso. Acredito em um futuro com opostos que serão os meios relevantes, além das pessoas nas redes:
De um lado, a mídia “social media native”, que inunda os algoritmos de informações e são abundantes, como uma Choquei ou Metropoles.
Do outro, uma mídia com altíssima credibilidade, seja alternativa ou tradicional, que provém informações de forma única e autêntica, como um Brazil Journal.
Mas ainda haverá um “middle squeeze” de mídias que não são nem um e nem outro. Elas não vão deter nem uma grande credibilidade, como um Brazil Journal, nem vão deter um conteúdo altamente moldado para velocidade das redes sociais, como a Choquei.
Essas mídias intermediárias, que podemos qualificar como boa parte dos veículos, serão como as empresas de cigarro hoje. Isso significa que elas continuam relevantes, com receita e influência significativas, mas que decairão ano após ano. Eles serão algo, até que não sejam mais.
Por bem ou por mal, estamos numa praça pública controlada por conglomerados de tecnologia que são mais importantes que países e faturam bilhões, nos quais todos se comunicam, assistem e se posicionam. O ponto é que, como tudo na vida, a lei de pareto se impõe. Aquele top 1% que entende como atingir toda a praça pública passa a ter mais relevância e impulsionar a sua mensagem, seja por autenticidade, por credibilidade, por idiotice ou abundância.
E o futuro dessa praça impõe consequências únicas:
Cada vez mais veremos campanhas e bizarrices eleitorais. O engajamento e jorrar muito conteúdo é a base do jogo. A eleição como em 2024 no youtube/redes sociais foi só a primeira que comprovou a nova lógica.
Haverá um move para mídias alternativas. Podcasts, newsletters e canais de conteúdo continuarão a ganhar mais relevância, afinal os gen-z e alpha estão ficando mais velhos.
Cópias do que aconteceu no mundo político acontecerão no corporativo: o marketing de abundância será comum. Haverá um marketing de guerrilha 2.0.
Haverá mais discussões sobre os novos gatekeepers, que são as redes sociais. A discussão Alexandre de Moraes e X será a primeira de uma tendência global de maior envolvimento do estado sobre a internet.
O jornalismo terá duas categorias: os amadores - produtores individuais e os profissionais - que são aqueles que trarão respaldo e mais profundidades.
O marketing será mais científico - será preciso orquestrar diversas redes para assim chegar a um alcance de influência.
A expressão ‘O rei está morto. Vida longa ao rei’ surgiu na França e reflete a ideia de que, com a morte de um rei, seu sucessor já está pronto para assumir o trono, marcando o início de uma nova era e a necessidade de pensar no futuro.
Da mesma forma, ‘A mídia está morta. Vida longa à mídia simboliza o fim da era da mídia tradicional. O novo ‘rei’ da comunicação já está presente há algum tempo, mas agora, de fato, é o principal poder, estabelecendo-se como o novo líder desse território. É o momento de abraçar o futuro, com os novos meios de comunicação assumindo seu papel central.
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