O Sunday Drops Podcast fará um ano, e a minha forma de comemorar é escrevendo um artigo sobre o tema, que engloba o momento do mercado de podcasts, as perspectivas futuras e as lições aprendidas ao longo deste ano ao operá-lo.
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A demanda por podcasts
Em um mundo em que as pessoas flutuam entre reels de 5 segundos e feeds infinitos, os podcasts se destacam por reter atenção qualificada por mais tempo e por promoverem uma relação mais profunda com a audiência.
A audiência global de podcasts dobrou nos últimos 5 anos.
O Brasil é um dos países que lideram o consumo dessa categoria, com 51% dos brasileiros ouvindo podcasts regularmente, o que nos faz líderes globais em consumo.
A minha aposta é que este consumo tende a aumentar ainda mais nos próximos anos por duas razões:
Envelhecimento da população: jovens consomem mais e por mais tempo podcasts.
Evolução dos formatos: teremos produtos de podcast cada vez mais bem produzidos e diversos, o que estimulará mais consumo.
Na minha bolha, conduzi uma pesquisa sobre podcasts e mais de 56% indicaram que ouviriam mais podcasts se tivessem mais tempo.
As razões são diversas e incluem entretenimento, aprendizado ou inspiração. Como disse um executivo do Spotify há alguns anos, a principal razão pela qual as pessoas consomem podcasts é a sensação de companhia. Isso explica por que o produto ressoa com as pessoas — e é comprovado por estudo: podcasts são formas eficientes de combater a solidão. Isso se intensificou na pandemia, segundo estudo da Universidade de Queensland.
Essa constatação se confirma também na pesquisa com a minha base: 73% costumam escutar podcasts durante o trânsito e deslocamento, 57% em atividades físicas e 51% em tarefas domésticas — momentos geralmente solitários.
Além disso, podcasts são uma ótima forma de aprendizado, especialmente para nossa bolha de tecnologia e negócios: temos acesso direto à fonte.
A oferta de Podcasts
A quantidade de podcasts lançados aumentou muito nos últimos anos. O catálogo do Spotify saiu de 700 mil em 2019 para 6,5 milhões em 2025, representando 828% de crescimento absoluto em número de “shows”.
Apesar do surgimento constante de novos podcasts — com direito a novo videocast toda semana —, a maior parte é pura espuma, dado o alto índice de mortalidade. Mais de 75% dos podcasts não passam do primeiro ano, 47% publicam no máximo 3 episódios e 26% não passam do primeiro episódio. Segundo estatísticas do Podcast Index, apenas 7,7% dos totais registrados publicaram nos últimos 30 dias. Ou seja, a maior parte dos podcasts já está morta. Dito isso, a concorrência é bem menor do que imaginamos.
Outro aprendizado: podcasts são mais defensáveis do que parecem. Por isso, temos casos como Joe Rogan, líder do mercado americano há 7 anos, mesmo com o número de podcasts tendo explodido. São 7 anos. As pessoas são fiéis ao podcast.
Podcasts também demoram para escalar. Conversei esta semana com uma pessoa que trabalha em alguns dos meus podcasts globais preferidos e ela ressaltou o tempo que levou para que esses podcasts, hoje sucessos absolutos, realmente “acontecessem”. Essa demora é comum. O gráfico do Acquired Podcast mostra isso claramente.
A economia do podcast
O dinheiro segue a atenção das pessoas, já que o canal se torna uma ponte entre marcas/produtos e consumidores. Com o aumento do tempo investido e da atenção à qualidade dos podcasts, o crescimento do investimento por parte das marcas se tornou uma consequência — e ainda há muito por vir.
Como bem descreveu Scott Galloway:
A participação dos podcasts na atenção do público está muito à frente de sua participação na receita publicitária. Essa diferença vai convergir. Acredito que a receita dos podcasts crescerá mais rápido do que a de qualquer outra plataforma digital, com a possível exceção do TikTok. Minha estimativa é que, no próximo ano, a receita publicitária dos podcasts cresça mais de 20%.
Num cenário em que o marketing vive saturação de canais, o podcast ainda é um espaço com muita margem de crescimento, graças à influência relevante e à atenção qualificada. Segundo o relatório “State of Marketing 2025”, do HubSpot, 91% dos profissionais indicaram que pretendem manter ou aumentar os investimentos em podcasts em 2025.
As receitas globais na categoria superam US$ 7,3 bilhões.
Lembrando que essas estatísticas não incluem a principal fonte de valor dos podcasts: a influência. É ela que abre portas para produtos paralelos, experiências e negócios. Casos como The Diary of a CEO, que recusou um contrato de US$ 100 milhões com o Spotify, ou nacionais como Primocast e os podcasts do G4, mostram que o capital flui muito além do episódio.
Outro exemplo é o All-In Podcast: os quatro hosts se tornaram tão influentes no debate político-econômico americano que David Sacks chegou a ser nomeado ministro no governo Trump
As perspectivas futuras
À medida que dedico parte da minha vida aos podcasts, percebo oportunidades e riscos, que descrevo abaixo:
Hipernicho:
A lógica das redes sociais favorece os nichos — e isso está chegando aos podcasts. Seja qual for o seu interesse, haverá um podcast cada vez mais focado e com alta qualidade.
A chave, na minha visão, está na monetização. Criadores de nicho conseguem produzir conteúdos mais especializados para uma audiência específica e, por deterem autoridade no tema, têm maior capacidade de influência — graças à autenticidade e à profundidade relacional.
A tese de que você precisa 1000 fãs para ter sucesso como criador nunca fez tanto sentido como agora.
Podcast está virando TV.
Em um dos meus episódios recentes no YouTube, 62% da audiência assistiu na TV.
O podcast está saindo da lógica de “rádio” e indo para o modelo de “TV”. Tanto que hoje concorre com séries, filmes — e até a Netflix anunciou que vai investir em podcasts em vídeo.
Eu vivi isso na prática: quando comecei, achava que bastava um microfone e uma boa conexão de internet. Corta para um ano depois, e o cenário do Sunday Drops evoluiu bastante. A barra subiu, e venho investindo nisso.
Não é uma regra — ainda há podcasts com setups super simples —, mas o audiovisual faz diferença à medida que mais pessoas assistem pela televisão.
Inteligência Artificial
Aqui vejo uma grande oportunidade — e também um risco relevante.
Começando pelo risco: ferramentas como o NotebookLLM ganharam popularidade no ano passado. Se você não conhece, é basicamente a possibilidade de gerar um podcast sobre qualquer tema usando IA. A evolução tem sido rápida: já é possível criar conversas entre dois hosts via IA com qualidade razoável.
Na minha visão, isso nunca vai superar conversas reais com quem vive o assunto. Mas sim, existe um risco real de a IA substituir podcasts com menor profundidade. E, ao contrário dos podcasts tradicionais, os agentes de IA não têm mortalidade. O conteúdo pode ser personalizado e escalável.
Por outro lado, a IA também traz uma enorme oportunidade: reduzir o custo de produção e facilitar o compartilhamento. Ferramentas como Opus Clip, Descript e Riverside tornaram a produção e edição mais simples e acessível. Isso pode gerar conteúdos mais personalizados e versões diferentes da mesma conversa.
Competição insana pela atenção.
O recurso mais escasso do mundo é a atenção — e isso se torna mais evidente a cada dia. Assim como o petróleo gerou guerras, a atenção tem gerado batalhas modernas.
Muita gente está disputando esse recurso, e a consequência é uma barra mais alta, especialmente nos podcasts. Fazer alguém investir 1 hora do tempo para te ouvir será cada vez mais difícil.
Será papel do host entregar, de forma consistente, boas conversas, gerar confiança e saber “vender” muito bem o episódio logo de cara.
As minhas lições com o sunday drops.
Ainda estou no primeiro ano, no caminho. Tanta coisa para aprender. Deixo 3 breves lições (e recomendo o artigo do Lenny — que já “made it”. Eu ainda estou no processo):
Faça por você
O podcast só dará certo se você realmente gostar. Saboreie os momentos e entenda se está disposto a fazer isso por muito tempo.Cuide com carinho
Nada é mais valioso do que o tempo da audiência. Cuide de cada detalhe — desde antes até depois do episódio. Existe uma correlação positiva entre cuidar do roteiro e da edição pós-conversa (eu corto 20% do que não foi bom o suficiente) e o resultado final.São muitas coisas ao mesmo tempo
Nos primeiros meses, eu fazia tudo: edição, thumbnails, agendamento, cortes... e fiquei sobrecarregado. Com o tempo, passei a ter apoio — e isso me liberou tempo para focar no que faço de melhor: conteúdo. Considere ter ajuda.A barra subiu
Achei que seria fácil viralizar cortes dos episódios e, com isso, aumentar a audiência. Não funcionou. A barra subiu muito — até para os cortes. Para viralizar, eles precisam ser muito mais elaborados. E essa mensagem não é só sobre cortes...YouTube
Nos últimos 3 meses, passei a me dedicar mais ao YouTube. Se voltasse no tempo, teria feito isso desde o início. A plataforma cresce muito no universo de podcasts — especialmente na TV, como forma de entretenimento.Plataforma
Ter o Sunday Drops e a confiança da audiência me ajudaram. Se o caminho já é árduo, será ainda mais para quem não tem essa base. Mas isso não é motivo para desânimo — apenas significa que vai demorar mais para o “breakout”. Se você acredita no longo prazo, só comece.
Podcasts ainda são grandes oportunidades para construir uma audiência qualificada e engajada. A indústria evoluiu, está mais competitiva, mas ainda há muito espaço — especialmente para produtos de qualidade.
O Sunday Drops Podcast está só no começo da sua jornada. Mais do que nunca, estou comprometido em entregar, semana após semana, um conteúdo que te ensine ou te inspire.
Para marcar essa nova fase, um aviso: o Sunday Drops será lançado aos domingos.
No dia 25 de maio, um episódio especial comemorando 1 ano de podcast: Hernan Kazah, fundador do Mercado Livre e da Kaszek.
Obrigado pelo apoio e se você gosta do meu conteúdo, quero te fazer um pedido:
1) Se inscrever no canal do sunday drops no YT
2) Assinar o sunday drops no Spotify e avaliar com 5 estrelas.
3) Assinar no Apple Podcasts.
Muito obrigado,
Lucas Abreu
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